sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Instinto e o Egoísmo



Estar com a consciência presa no corpo físico é como montar um potro xucro. Ele pode nos levar onde quisermos, mas é necessário manter as rédeas curtas.

A todo o tempo, os instintos, ainda presentes no ser humano, tendem a levá-lo a satisfazer necessidades de caráter egocêntrico.

Prazeres no corpo humano são compensações pela aspereza que o meio ambiente pode proporcionar ao espírito encarnado. O corpo se compraz com a satisfação de suas necessidades e isso em parte é bom, pois leva o homem a dar atenção às suas necessidades para a manutenção do corpo.

Acreditar que nós somos somente o corpo, leva-nos a viver focados em nossos próprios umbigos, para, apenas, manter o corpo num processo de moto-perpétuo. Viver para cuidar do corpo, cuidar do corpo para viver.

Assim acreditando, em tudo que vemos ou fazemos, só há o eu e o meu. Não há espaço para nós, para um “nosso” e muito menos para um “vosso”.

Egoísmo talvez seja a palavra que defina de maneira mais peculiar esse estado do ser.

O sujeito egoísta nega a incumbência do espírito na vida humana e é contra toda a idéia a respeito de sua função regente no destino do homem.

O egoísmo fecha de tal modo os ouvidos do entendimento, que não permite ao homem compreender a inexorável e dura lição repetida em todo o tempo e idade, isto é, que o acúmulo de bens exclusivamente materiais agrava a transição que se verifica nela ao cessar a vida; que nada neste mundo o espírito leva, quando ao abandoná-lo, o ser oferece ao juízo de sua própria posteridade um injustificável espetáculo de pobreza.

Na outra ponta - sempre há outra ponta - encontramos o entender-se usando o corpo. Há o corpo, mas como veiculo de manifestação. O corpo entendido como a manifestação do ser num determinado estado de consciência.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Julgamento



Das deficiências humanas, uma das mais cruéis é o julgamento.

Baseado em nossa necessidade de optar, o julgamento deixa de ser um instrumento norteador de nossas atitudes para se constituir num entrave à vida dos que fazem sua experiência carnal à nossa volta.

Somos levados a optar a cada segundo para podermos tomar as decisões que nos cabem como parte processo existencial. Olho para frente ou para o lado, sigo essa ou essa outra rua, cerveja ou vinho, falo ou fico calado? E assim são inumeráveis as decisões que necessitamos tomar a cada novo dia de nossa existência.

Tomamos nossas decisões com base em nossas necessidades e no banco de dados que dispomos em nossa memória, sempre buscando o que é mais adequado para nossas vidas.

Bem... mas o que é mais adequado para nossas vidas?

Onde estão os padrões que acreditamos serem as fiéis balizas que nos apontam o caminho da felicidade? A quem ou a quê creditamos esse status de infalibilidade?

Esse é um critério subjetivo e está calcado em muitas crenças que acumulamos desde que nascemos.

Os adultos de nossa infância decretaram parâmetros que aceitamos como verdadeiros. Que diferença há entre esses adultos de outrora e esse que agora sou? Como me sinto em relação a decretar o que é certo e o que é errado?

Já dá para perceber a possibilidade de termos entrado em canoas furadas em terna idade e de ainda continuar remando para tocar esse mesmo barco em frente. Então, podemos refletir sobre esse banco de dados que possuímos em nossas memórias: seriam dados confiáveis? Não teriam sido esses dados responsáveis por me fazerem apostar em caminhos que não me levam aonde eu tenho certeza de encontrar a paz?

Rita Ribeiro canta um refrão que diz o seguinte: Tudo que se vê, prá que crer; tudo que se crê, prá que ter; tudo que se tem... prá quê?

Assim como nossos dados não são confiáveis para tomarmos decisões sobre nossas vidas, seriam eles confiáveis para julgar os atos dos outros?

Quando pomos os olhos sobre outra pessoa nossa mente, por hábito, dispara a separar os bois: essa eu quero, essa eu não quero, bebe vinho da galheta, come queijo, requeijão... Cuidado! Precisamos gritar de imediato. Ela não precisa da minha apreciação, ela tem suas próprias balizas para se orientar.

A intromissão na vida de outra pessoa deveria fazer parte do código penal como crime de lesa-humanidade. É uma violação absolutamente prejudicial à existência do ser humano, pois dificulta a pessoa de assumir sua vida em toda a plenitude que Deus lhe concedeu.

Tentar e não acertar nas nossas decisões faz parte do jogo existencial. Dar palpite na vida dos outros é falta de caridade.

sábado, 20 de agosto de 2011

A Cura



Quando falamos em cura, geralmente estamos falando em recuperar a saúde, mas temos uma idéia vaga do que seja saúde.

Em princípio, estar saudável significa a percepção de ausência de sintomas no corpo, ou, mais comumente, nem pensar nada no que diz respeito a como estamos nos sentindo. Isso mesmo; nem sentir nada. Nossa mente está focada nas atribulações da vida material, nas coisas do cotidiano e não há espaço para percepções de qualquer ordem, tudo o que queremos saber é onde, quando e com quem faremos algo, ou sobre acontecimentos passados que reverberam em nosso consciente.

Quando algo de estranho insiste em se fazer notar em nosso corpo, paramos para tentar perceber o que seja e imediatamente partimos em busca do analgésico.

Santos remédios que nos livram dos inconvenientes da dor, cada vez com mais rapidez! Assim não precisamos parar para pensar nas razões das dores.

Entretanto, há sintomas, que insistem em se fazerem sentir; que exigem perdermos nosso precioso tempo em busca da analgesia. Consulta médica e inumeráveis exames, alguns com fila de espera – raios, e mais essa! – demandando mais tempo para pormos a pá de cal na situação.

O médico diz: você precisa repousar!

Re-pousar. Quer dizer: voltar a pousar, assentar, estacionar, parar, sossegar, deixar o rio das atribulações correr em seu leito enquanto você o assiste à distância.

Pôr-se de lado, contemplar a vida da dimensão terrena em seu movimento cíclico cumprir com seu papel e você ali tendo a oportunidade de poder começar a sentir, inicialmente o estorvo físico e depois o estorvo emocional que o subjaz, isso é re-pousar.

Aleitamento. Assim já é demais! Que perda de tempo! O mundo girando e nós na cama como se não houvesse nada para fazer lá fora!

Hora de começar a pensar no valor da saúde e, mais ainda, entender o que seja saúde.

Começa a se delinear o conceito de saúde quando começamos a perceber a não sincronia entre o movimento da vida, que segue seu rumo, e como estávamos inseridos nele.

Então, saúde não é a ausência de sintomas e sim a sincronia de nossas vidas com as leis do universo, ausência de interface com as distorções proporcionadas pelo livre arbítrio.

Mas... e se não tentarmos algo diferente?

É... se não tentarmos algo diferente, nunca saberemos o que é bom nem o que é ruim, nunca criaremos algo novo.

Então, as distorções que geram dor e sofrimento estão contidas dentro das leis universais como possibilidades de crescimento. Assim, doença e saúde deixam de ser antônimos para serem faces de uma mesma moeda que se complementam; Yin-Yang, um contendo o outro.

Assim volto a perguntar: o que é saúde e o que é doença?

Posso pensar em estados de consciências de um só processo, a vida.

E o que é a cura?

A possibilidade da compreensão desse processo, levando à sabedoria de acionarmos o retorno à harmonia sempre que a desarmonia tiver cumprido com o seu papel, nos acrescentando algo de novo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Banho de Manjericão



Ouvindo Clara Nunes cantar - banho de manjericão - um de seus sucessos, pus-me a pensar sobre a necessidade de proteção e a crença em expedientes fantasiosos aos quais muitos se valem para tentar viver em paz.

Temos conhecimento, que nos chegou por meio de transmissão oral, das muitas maneiras que o ser humano pode recorrer para libertar-se de prováveis energias nocivas que dificultam um viver tranquilo.

Nossos avós e pais tratavam disso com muita naturalidade, de maneira que, independente de qual prática religiosa adotamos nessa atual experiência carnal, provavelmente já usamos ou pensamos em usar uma dessas formas para “abrir nossos caminhos”.

Minha formação acadêmica e espiritual leva-me a encarar essa situação com certo ceticismo. Partindo do princípio de que, estando o ser humano imerso na luz – vivendo dentro dos princípios que regem o Universo – sua vida deve fluir de maneira natural como uma canoa rio abaixo, seguindo o fluxo natural que os princípios universais impõem a tudo o que é manifestado, e assim segue protegido por sua própria ação coerente com a emanação divina.

Em outras palavras, eu poderia dizer que quem vive dentro do princípio do amor universal protege-se conseguintemente por seus próprios atos e pensamentos.

Atos e pensamentos: aí está a chave de uma vida protegida e serena.

Observe as pessoas que verdadeiramente progridem na vida. Não falo apenas em progresso material, mas também materialmente, pouco se vê essas pessoas falarem em desavenças em seus relacionamentos íntimos e comerciais. Confronte com quem vive como que numa gangorra, ora subindo, ora descendo, e verá que essas pessoas lidam, com frequência, com sentimentos negativos, pesados, tomam atitudes não éticas e, consequentemente, estão sempre procurando alguém para ajudar a alcançar aquilo que seus corações não conseguem, a paz e a prosperidade.

Se eu acredito no poder da magia? É claro que sim, pois acredito no poder do ser humano, que tanto constrói, quanto destrói. Acredito no poder que nos é outorgado por Deus, com o livre arbítrio para fazer o que quisermos aqui no planeta Terra.

A esse poder de construir, ou destruir, chamamos de magia branca, ou magia negra. Se todos nós somos dotados desse poder, somos, todos, magos e estamos a todo instante abençoando ou maldizendo, construindo ou desmanchando o que nós mesmos projetamos, além de interferir na vida dos outros.

Como manter-se alinhado com forças construtivas? O Nazareno já ensinava a prestar atenção em nossos pensamentos e desejos. É por ai que todo ser humano se inicia no caminho do aprendizado dos segredos do Universo.

Mas...

Enquanto não ancoramos essa consciência, pelo sim ou pelo não, convém ter à mão um lenho de palo santo e um bom pote de sal grosso do Atacama.

Epa rei!

Serviço ou Escravidão?


Cada orbe habitável é uma escola e tem suas regras próprias de aprendizagem. Na Terra, o ser cresce pelo exercício das emoções consequentes dos relacionamentos.

A emoção é uma característica do ser humano encarnado na Terra. Quando despojado do corpo físico o ser conduz-se pela ética.

Nasce de pai e mãe e vive em família, esse laboratório maravilhoso, onde vivencia as mais tórridas emoções. Quanto mais emoções ele vivencia, mais possibilidades para aprimoramento de seu caráter. A ausência de família é um contraponto do mesmo laboratório, com o qual também ele aprende.

Os fatos geradores de emoções podem ser o desenvolvimento, ou ausência do amor e do atrito, ambos valiosos como elementos propulsores de evolução.

O amor libera a felicidade imediata advinda da compreensão do bem que dele emana. O atrito leva o homem à reflexão sobre o quanto ainda necessita aprender para atingir a tão almejada perfeição; o atrito reflete seu interior, sua realidade.

Amor e atrito, ferramentas que o Universo coloca à disposição do ser humano para bem aproveitar a passagem por esta escola. Materiais de primeira qualidade que, numa linguagem moderna, poder-se-ia dizer de última geração.

Ao amor o homem tece loas, faz versos e o canta em todos os ritmos. Ao atrito destina os mais sofridos sentimentos de abominação. Tem horror ao atrito, à exceção daqueles que sabem tirar da situação seu verdadeiro fruto, o crescimento individual. O que o atrito o leva a perceber, o assusta, o entristece.

Fora do plano carnal, a ética rege a conduta do ser. Há uma ética universal de respeito ao próximo seguida pelos seres que já avançaram na vereda luminosa, mas há os que a ignoram e fazem seu caminho regido por uma ética egocêntrica, da busca incansável por satisfazer suas necessidades individuais. Buscam, nos outros a energia que não sabem absorver da fonte primordial que conhecemos por Deus.

Havendo duas maneiras básicas do ser desencarnado conduzir a satisfação de suas necessidades, encontramos duas maneiras básicas dos encarnados se relacionarem com eles: a colaboração e a submissão.

Só há uma maneira de um ser fazer parte da comunidade de um planeta: é estar encarnado neste planeta. Só o ser encarnado pode pensar na condução do desenvolvimento humano sobre o orbe. Na condição de desencarnado, cabe-lhe, se quiser trabalhar em favor dessa humanidade, colaborar com os encarnados, auxiliando-os.

O comando de qualquer ação que diga respeito ao destino dos encarnados deve partir dos humanos. São, estes, portanto, os responsáveis pela condução da evolução da humanidade na Terra.

Se a vontade do homem for a de permanecer como está, o universo responderá: assim será; entretanto, se sua vontade for a de progredir, o universo também dirá: assim será. Em ambos os casos, estará o humano sujeito às leis que regem os ciclos universais.

Aquele que desejar ampliar sua consciência poderá contar, para tanto, com aqueles que se colocam à disposição para acompanhá-lo na busca: os seres espirituais, que decidiram permanecer junto à Terra como missionários da evolução humana.

Encontramos espíritos presos à crosta terrestre por questões egocêntricas e espíritos que voluntariamente permanecem nessa condição por amor.

Com quais e como se relacionar com eles? Cabe a cada ser humano decidir sobre seu interesse nesse relacionamento. Um relacionamento de associação e companheirismo, no qual ambos buscam crescer, ou um relacionamento de submissão e de interesses próprios e imediatos?

Cada ser humano deve esforçar-se em compreender como está se relacionando com o mundo espiritual. Não há como alguém dizer para outrem que seu relacionamento é certo, ou errado, porque isso está dentro de seu livre arbítrio, mas é possível perceber as conseqüências desses relacionamentos. Enquanto curadores, podemos orientar para nossos irmãos observarem o resultado de suas ligações; se elas trazem serenidade, alegria e sentimento amoroso, ou o contrário disso.

Espíritos comprometidos com a evolução humana não dão ordens, não aprisionam, não decidem sobre os destinos dos encarnados, porque a ética universal é de não intromissão nos destinos dos povos encarnados.

Guias espirituais colocam-se à disposição para o que o ser encarnado deseja fazer, nunca o contrário.

Quando sente que necessita desenvolver suas capacidades mediúnicas, está o ser humano sendo impulsionado por seu “eu interior” consciente de seus compromissos.

Espíritos podem estar esperando pela decisão de trabalhar conjuntamente, mas nunca os forçando a fazê-lo.

O papel do homem é o de impulsionar e nortear os projetos por ele sonhados um dia, mesmo quando fora do plano físico.

Se um ser quiser viabilizar, na dimensão terrena, seus projetos, deverá encarnar-se para então poder manifestar ao universo seu desejo terreno, enquanto espírito só lhe cabe apoiar os sonhos dos encarnados. No plano espiritual ele tem outras opções de desenvolvimento em outras dimensões que não necessitam envolvimento com seres encarnados na Terra.

Assim sendo, torna-se necessário aos humanos tomar consciência da importância dos anseios de uma vida melhor para a humanidade, pois haverá sempre um grupo espiritual pronto para apoiá-los nesses projetos.

A responsabilidade pelo futuro da integridade do planeta e do ser humano é de cada um dos encarnados.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Há um Deus Adormecido Dentro de Nós



Vivemos a inconsciência de nossa divindade e com isso esquecemos nosso potencial criador e de amar. 

É necessário acordarmos para nossa realidade e transformar a humanidade naquilo que ela é, a presença divina no plano da matéria, no paraíso. 

Sim, a Terra é um paraíso dentre muitos que existem no universo e é onde Deus habita em sua plenitude, um lugar onde tudo acontece. 

Por que vivemos inconscientes? 

Há beleza na descoberta do vir a ser, há também felicidade na percepção do descobrimento. A evolução tem seus encantos que só vamos descobrindo à medida que avançamos. 

A consciência de ser o que se é amplia nossa percepção do sentido da vida e faz com que queiramos viver mais e mais intensamente. Reside nisso o valor da educação, do aprendizado, do trazer ao homem o autoconhecimento. 

É pela via do autoconhecimento que atingimos mais celeremente essa consciência de quem somos. Por isso é preciso desmistificar o processo da criação e colocar o homem no seu verdadeiro lugar. 

O DNA contém nossa memória ancestral e quanto mais ele for ativado, mais informações teremos sobre quem somos e de onde viemos. 

Vivemos dias de grandes mudanças de toda ordem e de passagem para uma nova consciência. O papel das escolas nesse momento é fundamental. É preciso estar aberto para deixar fluir esse potencial de informação que necessita vir à tona. 

Quanto mais o grupo docente for estimulado a agir intuitivamente, mais possibilidade haverá de novas luzes serem colocadas sobre as questões postas em discussão. 

Trabalhos com o grupos docentes são recomendados, pois esses grupos precisam estar um passo à frente e consciente de seu papel. 

A mesa mediúnica é um bom instrumento de desenvolvimento da percepção da verdadeira identidade do homem. O desenvolvimeto dos potenciais mediúnicos auxilia nessa percepção e na melhor interação medium/instrutor. 

Num ambiente controlado e com um grupo psiquicamente ativado é possível trazer mais informação de qualidade focada nos objetivos propostos.





terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Raiva

Um mestre perguntou ao seu discípulo predileto:
- O que você pensa sobre a raiva?
O discípulo meio embaraçado responde: - A raiva é um sentimento violento de ódio ou de rancor, um sentimento desagradável, difícil de admitirmos que possuímos isso em nós.
- Mas a raiva é uma força, não é? Pergunta o mestre.
- Sim, é uma força visceral, não sei em que ponto exato ela nasce, mas sinto que vem de dentro de nós.
- Mas, se ela é uma força, nós podemos dar a ela uma outra conotação que não seja a de ódio, não é certo?
- Creio que sim.
- Nós nos acostumamos a usá-la com ódio, contra alguém, contra alguma coisa, mas sempre contra. Por que não aprendemos a usá-la a nosso favor?
O discípulo foi embora com a pergunta na memória, sem saber como tornar aquela idéia em algo concreto.
Passou o tempo.
Estava o discípulo com mais alguns amigos abrindo um caminho em meio à mata quando deu falta de seus óculos.
Olhou em seus bolsos e não o encontrando olhou para trás e viu quase duzentos metros de caminho aberto, porém com todo o mato cortado sobre o solo.
- Como é que eu vou encontrá-lo no meio de tanta palha?
Pensando, assim, saiu andando e revirando o mato. Seus amigos se aproximaram perguntando o que ele havia perdido.
- Meus óculos, respondeu.
- Vai ser mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que achar os teus óculos nessa estrada. Retrucou um amigo.
Depois de algum tempo procurando, sem sucesso, todos voltaram ao trabalho com suas foices enquanto ele caminhava na direção contrária indignado com a perda.
- Não aceito esta situação. Afinal que "ser" sou eu, que como espírito sou capaz de tantos prodígios, mas deixo meu corpo físico aqui à mercê de meus pobres cinco sentidos e, ainda, míope?
- Não, não aceito essa condição de ter minhas partes separadas como se fossem personalidades distintas. Quero ser um só, corpo e espírito unidos numa só vontade, cúmplices na mesma viagem, na mesma aventura.
Assim pensando, sentiu a raiva brotar dentro de si. Imediatamente lembrou da lição do velho mestre sobre o uso da raiva em seu próprio benefício e deixou que ela crescesse e viesse à tona.
- Quero todo o meu potencial de Ser Divino, de Filho de Deus trabalhando a meu favor e não contra mim.
Neste ponto já rubro e encolerizado, bradou em voz alta: - Eu quero meus óculos agora!
Algo brilhou entre as palhas a meio metro de seus pés, abaixou-se mexeu no mato e ali estavam os seus óculos.
Surpreso e tomado de intensa felicidade por ter vivenciado o aprendizado de mais uma lição ergueu suas mãos ao céu e agradeceu a Deus.