sábado, 13 de dezembro de 2014

Sobre o Natal



O sol sempre foi a representação de Deus para o homem.
Com sua luz, o sol possibilita a vida sobre o planeta.
Por volta do ano 450 da era cristã ainda era comum os cristãos prestarem homenagem ao sol. Domingo, o dia do descanso, era o dia do sol – em inglês sunday, o dia das orações nos templos.
Em diversas culturas espalhadas pelo mundo, a celebração da passagem do ano ou das estações é feita com o intuito de estabelecer a renovação do mundo e o revigoramento dos valores que agregam uma determinada civilização.
Da mesma forma, o Natal também incorpora esse mesmo princípio de renovação ao celebrar o nascimento de uma das figuras centrais do cristianismo, Jesus de Nazaré.
De fato, em diversas manifestações natalinas podemos também enxergar a reafirmação desse mesmo valor.
Dessa maneira, podemos observar que os princípios natalinos se configuraram em diferentes culturas ao longo do tempo.
Os mesopotâmicos, por exemplo, celebravam nessa mesma época o Zagmuk. Segundo a tradição mesopotâmica, o fim do ano era marcado pelo despertar de monstros terríveis a serem combatidos por Marduk, sua principal divindade. Durante a festividade, um homem era escolhido para ser vestido e tratado como rei, para depois ser sacrificado, levando todos os pecados do povo consigo.
Nas civilizações nórdicas, o Yule – festejado dia 21 de dezembro – marcava, também, o retorno do sol.
Com a oficialização do cristianismo pelo império romano, várias destas datas foram incorporadas com o propósito de ampliar o número de convertidos à nova religião do Estado.
Nesse processo, o dia 25 de dezembro foi instituído como a data em que se comemorara o nascimento de Jesus Cristo.
Várias analogias entre as tradições pagãs e os valores cristãos oferecem uma grande proximidade entre os significados atribuídos a Cristo e as divindades anteriormente cultuadas.
Assim como Jesus, Mitra era reconhecida como uma grande divindade mediadora espiritual para os romanos. Da mesma forma, Jesus, considerado “o messias”, teria a mesma função de conceder a salvação espiritual a todos àqueles que acreditassem em seus ensinamentos por meio da conversão. Com isso, a absorção dos princípios e referenciais religiosos da cultura romana influenciou na ordenação das festividades e divindades do cristianismo.
A bíblia não especifica a data do nascimento de Jesus.
A data foi fixada pelo Papa Julius I em torno de 350DC.
Como já falei a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus.
A igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam no solstício de inverno.
Portanto, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do Deus Sol Invencível", que comemorava o solstício do inverno.
No mundo romano, a Saturnália - festividade em honra ao Deus Saturno - era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes.
25 de dezembro era tido também como a data do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o “Sol da Virtude”.
Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, o clero romano forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã. As alusões dos padres católicos ao simbolismo de Cristo como o “Sol de Justiça" (Malaquias 4:2) e a "Luz do Mundo" (João 8:12) expressam o sincretismo religioso.
As evidências confirmam que, num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, o "nascimento do Deus Sol Invencível" (natalis invistis solis).
Com o crescimento do cristianismo o Natal conseguiu se transformar em uma das suas principais datas a serem comemoradas pelos cristãos de todo o mundo.
A ideia do que atualmente se chama de religião cristã existia entre os antigos também, e nunca deixou de existir desde o começo da raça humana. O clero sempre existiu. Todas as civilizações tinham e tem os seus sacerdotes.
Santo Agostinho, um dos pensadores mais notáveis dos primeiros séculos da Igreja Católica disse que o Cristianismo foi criado a partir da sabedoria que já estava implantada na mente dos homens.
A presença de Deus ou Essência Divina em todo ser humano é o ensinamento essencial de todos os sistemas de crenças em todos os lugares.
Já era assim entre os sumérios, caldeus e egípcios e foi no Egito que os gregos Sólon, Tales, Pitágoras e Platão aprenderam a doutrina da encarnação, ou seja, de Deus encarnado no homem.
A diferença entre o que pregavam as religiões antigas e o cristianismo é que a encarnação divina passou a ser concentrada num único homem – Jesus.
Portanto: a história de Jesus é a historia de cada um de nós, contendo não só as tentações e as cruzes que carregamos, mas também a ressurreição, ou seja, a volta para a casa essencial.
Os estudos comparativos das religiões revelam que quase todas as crenças tradicionais do mundo repousam em uma historia central de um filho celestial que desce para o mundo de trevas, sofrendo, morrendo e ressuscitando, antes de voltar ao seu mundo superior de origem.
Representada em um ritual dramático tocante, multifacetado, a história nos diz que esse Rei/Deus conquista a vitória sobre seus inimigos, tem um cortejo triunfante e é entronizado nas alturas.
Os pesquisadores dedicados ao estudo comparativo das religiões fizeram listas de trinta a cinquenta desses avatares ou salvadores incluindo: Osiris, Hórus, Krishna, Baco, Orfeu, Hermes, Adônis, Hércules, Atis e Mitra.
Durante a desintegração do império romano, muitas das populações bárbaras que chegam até a Europa trouxeram consigo uma série de tradições que definiam a sua própria identidade religiosa.
Nesse mesmo período, a expansão do Cristianismo foi marcada por uma série de adaptações em que as divindades, festas e mitos das religiões pagãs foram incorporados ao Universo Cristão.
Entre outros exemplos, podemos falar sobre a figura do Papai Noel, que para os cristãos de hoje representa o altruísmo, a bondade e alegria que permeia a celebração no nascimento de cristo. Contudo, poucos sabem de onde essa figura barbuda e rechonchuda surgiu.
É justamente aí que as tradições religiosas pagãs nos indicam a origem do famoso e celebrado “bom velhinho”.
No tempo em que os bárbaros tomavam conta do velho mundo, existia uma série de celebrações que tentavam amenizar as rigorosas temperaturas e a falta de comida que tomavam a Europa nos fins de dezembro. Foi nessa situação em que apareceu a lenda do “Velho Inverno”, um senhor que batia na casa das pessoas pedindo por comida e bebida. Segundo o mito, quem o atendesse com generosidade desfrutaria de um inverno mais ameno.
A associação entre o Velho Inverno e São Nicolau apareceu muitas décadas depois. De acordo com os relatos históricos, São Nicolau foi um monge turco que viveu durante o Século IV. Conta a tradição cristã que este clérigo teria ajudado a uma jovem a não ser vendida pelo pai, jogando um saco cheio de moedas de ouro que poderiam pagar o dote de casamento da garota. Somente cinco séculos mais tarde, São Nicolau foi reconhecido pela igreja como um santo.
A partir desse momento, o dia 6 dezembro passou a ser celebrado como o dia de São Nicolau. Nesta data, as crianças aguardavam ansiosamente pelos presentes distribuídos por um homem velho que usava os trajes de um bispo. Foi a partir de então que a ideia do “bom velhinho” começou a dar os seus primeiros passos.
Nos fins do Século XIX, o desenhista alemão Thomas Nast teve a ideia de incorporar novos elementos à imagem do bom velhinho. Para tanto, publicou na revista norte-americana “Harper’s Weekly” o desenho de um Papai Noel que, para os dias atuais, mais se assemelhava a um gnomo da floresta. Com o passar dos outros Natais, ele foi melhorando seu projeto original até que o velhinho ganhou uma barriga protuberante, boa estatura e abundante barba branca.
Mas foi em 1931 que Haddon Sundblom, contratado pela empresa de refrigerantes “Coca-Cola”, bolou o padrão vermelho das vestimentas do bom velhinho. Com passar do tempo, a popularização das campanhas publicitárias da marca acabaram instituído o padrão.
Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático no terceiro milênio antes de Cristo já consideravam as árvores como um símbolo divino. Eles as cultivam e realizavam festivais em seu favor. Essas crenças ligavam as árvores a entidades mitológicas. Sua projeção vertical, desde as raízes fincadas no solo, marcava a simbólica aliança entre o Céu e a Mãe Terra.
Na Assíria, a Deusa Semiramis havia feito uma promessa de que quem montasse uma árvore com enfeites e presentes em casa no dia do nascimento dela, ela iria abençoar aquela casa para sempre.
Entre os egípcios, o cedro se associava a Osíris. Os gregos ligavam o loureiro a Apolo, o abeto a Átis, a azinheira a Zeus. Os germânicos colocavam presente para as crianças sob o carvalho sagrado de Odin.
Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos cortavam pinheiros, levavam para seus lares e os enfeitavam de forma muito semelhante ao que se faz nas atuais árvores de natal. Essa tradição passou aos povos germânicos.
A primeira Árvore de Natal foi decorada em Riga, na Letônia, em 1510.
O primeiro presépio foi montado por São Francisco de Assis
Para nós, cristãos modernos, Natal é reflexão.
Quais reflexões propomos serem feitas no Natal?
1 – O que eu fiz pelo próximo neste ano?
2 – O que eu fiz pela humanidade nesta vida?
3 – O que eu tenho feito por mim?
Fraterno abraço e um Feliz Natal!
Dados do historiador Rainer Sousa
Edição Adilson Maestri

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre a Mentira





Descobri, não sei se tarde ou em tempo, que as pessoas mentem.

Pensava eu que as pessoas às vezes mentiam, mas descobri que elas mentem normalmente, cotidianamente. Mentem para si e para os outros.

Pensava eu que seria capaz de perceber quando alguém mentisse para mim, mas descobri que há pessoas que não tem compromisso com a realidade, vivem num mundo completamente diverso daquilo que apregoam como sendo o seu mundo.

Aprendi que uma coisa é o que as pessoas dizem de si e outra bem distinta é o que percebo observando as suas atitudes. Mas elas pensam que o mundo crê no que elas dizem; que todos à sua volta veem o mundo que elas pintam, com suas cores e sua fantasia.

E vendo o comportamento dos outros, infiro que o meu não deva ser diferente.

Mas, o que mais me tocou, foi perceber que mesmo as pessoas com quem privamos de intimidade, que juramos que conhecemos profundamente, não são, na realidade, o que acreditamos ser. Elas são quem são e elas mentem.

Mas por que todos dizem que são outras pessoas? Do que tem medo? O que querem esconder?

Elas tem medo do julgamento, por se sentirem inferiores aos outros?

Acreditam que precisamos ser perfeitos. Não se dão conta que fomos criados por Deus e por consequência, o que quer que sejamos já nascemos perfeitos, pois não há como conceber que Deus criaria algo ou alguém imperfeito.

Cada vez mais conhecemos o Universo material e tudo o que vemos é perfeito, tudo obedece às Leis Universais que regem o Universo.

Por que não conseguimos ver essa perfeição em nós mesmos?

Acreditamos que só exista um modelo de ser humano, uma só maneira de ser humano? 
A diversidade das formas e saberes está contida na perfeição.

Precisamos saber que somos apenas parte do Todo. Cada qual fazendo a sua parte. Não podemos ser, todos, roda num automóvel, podemos ser roda, mas também podemos ser banco, direção, lataria, motor, vidro, o que quer que seja, que tamanho tenha essa peça, seremos sempre indispensáveis. Nossa contribuição é única e imprescindível.

Quando pararmos de nos comparar com os outros, não precisaremos mais mentir que somos iguais. Nós não somos iguais. Não precisamos ser iguais. Precisamos ser quem somos e nada mais.

O mundo reconhece quem somos e nos deseja como somos, porque precisa de nossa contribuição, do nosso talento, das nossas virtudes. E também precisa do nosso lado sombra - das nossas inquietações - pois esse lado desconhecido irá sempre nos impulsionar para o aperfeiçoamento da humanidade.

Portanto, vamos parar de fingir que somos outra pessoa e assumir quem verdadeiramente somos e assim dar nossa contribuição para uma convivência mais harmônica, pacífica  e por consequência feliz.
Entender isto, abriu-me caminhos para o perdão.