quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A Culpa


Por detrás de nossas tristezas e frustrações, de nossas insatisfações na vida, de nossos tédios e angústia, está um sentimento, que é o sentimento de culpa. 
O sentimento de culpa é o apego ao passado, é uma tristeza por alguém não ter sido como deveria ter sido, é uma tristeza por ter cometido algum erro que não deveria ter cometido. O núcleo do sentimento de culpa são estas palavras: "Não deveria..."
A culpa é a frustração pela distância entre o que nós fomos e a imagem de como nós deveríamos ter sido. Nela consiste a base para a autotortura. Na culpa, dividimo-nos em duas pessoas: uma real, má, errada, ruim e uma ideal, boa, certa e que tortura a outra.
Dentro de nós processa-se um julgamento em que o Eu ideal, imaginário, é o Juiz e o Eu real, concreto, humano, é o Réu. 
O Eu ideal sempre faz exigências impossíveis e perfeccionistas.
Assim, quando estamos atormentados pelo perfeccionismo, estamos absolutamente sem saída. 
Como o pensamento nos exige algo impossível, nunca o nosso Eu real poderá atendê-lo. 
Este é um ponto fundamental. Muitas pessoas dedicam a sua vida a tentar realizar a concepção do que elas devem ser, em vez de se realizarem a si mesmas. 
Quanto maior for a expectativa a nosso respeito, quanto maior for o modelo perfeccionista de como deve ser a nossa vida, maior será o nosso sentimento de Culpa.
Os erros dos quais nos culpamos são aqueles que menos corrigimos. A lista de nossos "pecados" no confessionário é sempre a mesma.
Mas aquilo que nos leva a esse sentimento de culpa, aquilo que alimenta esta nossa doença autodestrutiva são algumas crenças falsas.
A primeira delas é a crença na possibilidade da perfeição. Quem acredita que é possível ser perfeito, quem acha que está no mundo para ser perfeito, quem acha que deve procurar na sua vida a perfeição, viverá necessariamente atormentado pelo sentimento de culpa.
A culpa não decorre do erro, mas da maneira como nos colocamos diante do erro; vem do nosso conceito relativo ao erro, vem da nossa raiva por termos errado.
O erro é o modo de se fazer algo diferente, fora de algum padrão.
As pessoas confundem assumir o erro com sentir culpa.
Assumir o erro é aceitar que erramos, é nos responsabilizarmos pelo que fizemos ou deixamos de fazer, mas quando acreditamos que a culpa decorre do nosso erro, tentamos imputar a outros a responsabilidade dos nossos erros, numa tentativa infrutífera de acabar com a nossa culpa.
Quando dermos ouvidos aos nossos erros, ao invés de nos lamentar por dentro, teremos crescido.
Amigo, não tenha medo de erros, erros não são pecados, erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova. 
Amigo, não fique aborrecido por seus erros, alegre-se por eles, você teve a coragem de dar algo de si.
Original: Antônio Roberto Soares
Edição: Adilson Maestri