sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O Dom e Seus Frutos


“Não é boa a árvore que dá maus frutos, nem má árvore a que dá bons frutos; pois cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto.” (Lucas, VI:43-45)

Na busca pelo autoconhecimento - recomendado como caminho para a evolução já na antiga Grécia - viemos tentado descobrir quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Estamos sempre com os olhos voltados para fora em busca de uma informação, uma pista, um caminho que nos leve à resposta dessas transcendentais questões.
Não temos, no ocidente, a cultura do silenciar, da introspecção, do perceber-se. Porque fomos instruídos por nossos pais a estudar em escolas e livros, mais modernamente, também, na internet, formamos uma consciência de quem somos como indivíduo e coletividade com essas informações externas.
Entretanto esse manancial de informações nos leva tão somente a formar e reconhecer nosso ego, a persona que construímos desde que nascemos.
Somente os outros percebem, pelos nossos atos e manifestações verbais e não verbais quem verdadeiramente somos.
Somos reconhecidos pelo que damos ao mundo. Mas... o que damos ao mundo? As laranjeiras dão laranjas, as galinhas dão ovos e as abelhas dão mel. E assim cada espécie de todos os reinos retornam ao Universo aquilo que dele e da Terra recebem, elaborado dentro de si mesmo, constituindo a sua natureza, a sua essência.
Como uma usina, recebemos a energia divina que adentra por nossos chakras, fortalecemos nossos corpos físico e energéticos, e devolvemos ao Universo elaborada, frutificada.
Então eu me pergunto: Qual o meu fruto? O que devolvo ao Universo? O que o Universo espera de mim?
Lembro que vim a este planeta com o desejo de fazer uma experiência emocional, ampliando minha consciência divina e minha maneira particular de amar, mas não me atenho ao que está sendo exsudado de mim.
Ao rever minhas atitudes e minhas atividades posso perceber o que faço prazerosamente, o que me faz feliz, o que é reconhecido pelos outros como algo genuíno em mim e que trás ao mundo uma contribuição, mesmo que pequena aos meus olhos.
Assim como as laranjeiras não chupam suas laranjas, os meus frutos também vem ao mundo não para me alimentar, mas para alimentar, alegrar, ajudar, confortar, complementar e dar satisfação aos outros. Esses os meus bons frutos.
Claro que meu lado sombra também pode trazer à luz maus frutos e por isso preciso estar atento para perceber o resultado dos meus atos, o que eles me proporcionam enquanto elaborados e ofertados ao mundo.
Sinto alegria, amor, contentamento, ou tristeza, desanimo e desconforto?
Estando “sempre alerta” posso começar a perceber qual minha missão na Terra, quais são os meus dons que podem estar conscientes ou inconscientes.
Meus dons representam aquilo que tenho de bem resolvido, meu lado luz, minha razão de estar aqui e que elaborados em plenitude geram os bons frutos, razão última de minha passagem por esse planeta.

Adilson Maestri

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

De Sismos e Apreensões



Vejo no noticiário um vulcão no Chile em erupção por mais de dez dias. As cinzas cobrindo estradas, campos, lagos e muitas almas.
O noticiário mostra os estragos materiais causados, mas em nenhum momento fala dos sentimentos dos moradores das cidades próximas. Não fala do medo, da angústia e dos fantasmas que rondam aquelas mentes.
De longa data, na casa dos milhares de anos, fala-se em final dos tempos, em mudança de ciclos com muito terror, com os céus despedaçando-se sobre a Terra em miríades de rochas, cinzas, fogo, água, insetos e tantas outras formas de soterrar a humanidade, que um mito se instalou em todas as mentes como sendo algo provável, o fim dos tempos.
Vivemos um momento propício para nos deixarmos levar por essa onda apocalíptica, afinal temos acompanhado em tempo real tsunamis, temporais arrasadores, ventos devastadores, e ultimamente vulcões e terremotos de altos graus de magnitude deixando a todos perplexos com os estragos causados.
Além disso vemos mentes desajustadas disparando suas metralhadores e fuzis sobre inocentes e também impropérios sobre tudo e todos nas redes sociais.
Os textos, apresentados à humanidade como obras sublimes de inspiração divina, falam num ajuste de contas dos homens com Deus após um tormentoso desfecho da vida inteligente na Terra.
Nesse contexto é natural que todos possam olhar esses acontecimentos como prenúncio desse tão propalado advento.
Recentemente, cerca de poucas décadas, tomamos conhecimento dos registros maias sobre os movimentos dos astros, nos mostrando que a Terra percorre uma trajetória elíptica por 26.000 anos, evoluindo em quatro etapas, acompanhando o Sol em torno de Alcione.
Nesses períodos a Terra passaria por ciclos onde a natureza estaria em expansão e ciclos onde a natureza estaria se refazendo.
A Kali Yuga é um período que aparece nas escrituras hindus. É a última das quatro etapas que o mundo percorre. Escrituras como o Mahabharata e o Bhagavata Purana apresentam a Kali Yuga como uma era de crescente degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual, sendo, simbolicamente, referida como a Idade das Trevas porque, nela, as pessoas estão tão longe quanto possível de Deus.
Observando os registros da sabedoria humana vejo nossa evolução passando por ciclos sucessivos acompanhando os movimentos do planeta, coerente com a ideia cristã de um Deus imparcial que emana seu amor para um Universo em movimento.
Dessa maneira assisto ao telejornal e recebo as notícias de degeneração moral, de vulcões e tsunamis como algo perfeitamente dentro do contexto humano, como parte da evolução do ser que se recicla e para tanto precisa passar pela prensa, pela depuração dos resíduos e por nova moldagem.
Volto meus olhos para o Evangelho de Jesus e entendo que é hora de cuidar de mim, de avaliar as minhas apostas, minhas escolhas e ficar atento aos desdobramentos desse amadurecimento da fruta, prestes a cair do pé para que sua semente germine uma nova planta.
Hora de orar e vigiar, cuidando para não entrar nas ondas de terror que assolam as mídias e a agonia dos homens.