quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A Cada Um Conforme Suas Obras

 

“Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras” 
(Mateus 16:27).

 



O Princípio de Causa e Efeito

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei." 
(O Caibalion)

A cada um será dado segundo as suas obras, ou seja, segundo o seu merecimento. A felicidade ou a desgraça que acompanha o Espírito, nesta vida ou no plano Espiritual, decorre unicamente de suas obras, daquilo que ele fez. Se agiu para o bem, será agraciado; se agiu para o mal, sofrerá as consequências infelizes de seus atos.

A Lei do Merecimento

Quando Jesus diz “segundo as suas obras”, fica evidenciado que existe uma lei aplicável a todos nós, que é a Lei do Merecimento. É o princípio bíblico de que “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6-7).

Ele não disse “segundo a sua ”. Se as obras não tivessem influência sobre a sorte futura do Espírito, jamais o Cristo teria deixado aquela lição. Tanto aqui, como em muitos outros momentos, Jesus não colocou a , sem as obras, como balizadora da salvação.

Se a cada um é dado segundo as suas obras, conclui-se que a forma como você vive retrata o seu mérito. Jesus enalteceu o poder da fé para mostrar a capacidade que nós temos de fazer o bem. E fazê-lo em proveito dos outros. A fé que nada faz, não possui mérito algum. O louvor que nada produz, em favor do próximo, não traz beneficio para ninguém.

Em “O Céu e o Inferno” de Allan Kardec temos:

1ª parte, capítulo V:4 - Em cada existência, uma ocasião se depara à alma para dar um passo avante; de sua vontade depende a maior ou menor extensão desse passo: franquear muitos degraus ou ficar no mesmo ponto. Neste último caso, e porque cedo ou tarde se impõe sempre o pagamento de suas dívidas, terá de recomeçar nova existência em condições ainda mais penosas, porque a uma nódoa não apagada ajunta outra nódoa.

É, pois, nas sucessivas encarnações que a alma se despoja das suas imperfeições, que se purga, em uma palavra, até que esteja bastante pura para deixar os mundos de expiação como a Terra, onde os homens expiam o passado e o presente, em proveito do futuro.

Contrariamente à ideia que deles se faz, depende de cada um prolongar ou abreviar a sua permanência, segundo o grau de adiantamento e pureza atingido pelo próprio esforço sobre si mesmo. O livramento se dá, não por conclusão de tempo nem por alheios méritos, mas pelo próprio mérito de cada um, consoante estas palavras do Cristo: “A cada um, segundo as suas obras”, palavras que resumem integralmente a justiça de Deus.

1ª parte, capítulo VII-33: Em que pese à diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:

1º - O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º - Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º - Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade.

Se riqueza e pobreza são provas, qual delas é a mais difícil?

Na Doutrina Espírita

A riqueza e pobreza nada mais são que provas pelas quais o Espírito necessita passar, tendo em vista um objetivo mais alto, que é o seu progresso. O Universo oferece a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-las de modos diferentes. Aliás, essas provas são, com frequência, escolhidas pelos próprios Espíritos, que, no entanto, nelas geralmente sucumbem.

Ambas são provas muito difíceis, porque se na pobreza o Espírito pode ser tentado à revolta e à blasfêmia contra o Criador, na riqueza expõe-se ele ao abuso dos bens que Deus lhe empresta, deturpando, com esse comportamento, seus objetivos.

Espíritos realmente evoluídos, tanto quanto os que compreendem perfeitamente o significado da lei de causa e efeito, podem solicitar a prova da pobreza como oportunidade para a purificação de qualidades ou a realização de certas tarefas que a riqueza certamente prejudicaria. Em muitas vezes, também, o mau uso da fortuna em precedente existência leva o Espírito a pedir reencarnar numa condição oposta, com o que espera reparar abusos cometidos e pôr-se a salvo de novas tentações.

A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação. A riqueza é, para os que a usufruem, a prova da caridade e da abnegação. É preciso que entendamos: a existência corpórea é passageira e a morte do corpo priva o homem de todos os recursos materiais de que eventualmente disponha no plano terrestre.

Pobres e ricos voltam, pois, à vida espiritual em idênticas condições, o que mostra que a posição social do rico ou do pobre não passa de expressão transitória. Compreendamos também que nenhuma das provas constitui obstáculo à chamada salvação. Se isso ocorresse, Deus, que as concede, teria dado a seus filhos um instrumento de perdição, ideia que repugna à razão.

No tocante à riqueza é fácil perceber que, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, constitui, ela, uma prova muito arriscada e até mais perigosa que a miséria.

Se ao reencarnarmos escolhemos nascer numa família sem recursos financeiros, ficam, nessa escolha, implícitas as dificuldades que teremos para nossa sobrevivência e as possibilidades de crescimento que essas dificuldades nos oferecem. É provável que sejam exatamente essas dificuldades que procuramos como oportunidades de reflexão e exercício para ampliação da consciência da nossa filiação divina.

Os recursos parcos nos possibilitam entender o quão pouco precisamos para viver e ser feliz. Muitos conseguem perceber e vivem em plenitude focando sua existência na amorosidade e na alegria. Outros, inconformados, agem e blasfemam contra Deus, clamam por justiça social, acusam os mais ricos pela sua miserabilidade e não conseguem aproveitar a situação para crescer espiritualmente.

O marxismo, filosofia nascida no ateísmo, na indignação da ‘injustiça social” e em sentimentos inferiores como a inveja e o ódio,  capta para suas fileiras as pessoas que não conseguem entender o que realmente se chama “Justiça Divina” que elencamos acima. Usam a chamada “injustiça social” como mote para dar vazão à sua interpretação sobre as diferenças sociais qualificando-se como injustiçadas, exploradas e humilhadas pelos homens que souberam crescer financeiramente e como empresários construíram a gigantesca oportunidade de empregos para os bilhões de seres humanos trabalharem e assim terem seu sustento na Terra.

Há os que não vivem na miséria, mas porque aprenderam, dentro do cristianismo, que a caridade é uma ferramenta para o crescimento espiritual, por terem sido doutrinados dentro da filosofia marxista, não conseguem discernir o que veem do que está implícito na experiência individual dos seres humanos que escolheram a pobreza como ferramenta de crescimento.

Caem nas armadilhas do sentimentalismo e acreditando que o que os move é a caridade, fazem coro com aqueles que buscam somente o poder sobre as mentes desavisadas.

A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra, tal é a Lei da Justiça Divina.

 Adilson Maestri

12/21