quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Sobre a Beleza



"Desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina têm sido vistos claramente, sendo compreendido por meio das coisas criadas". Gênesis 1.1-2.1

Reconhece-se, em toda parte, a presença e evolução do homem pelas suas obras. A existência dos homens primitivos não se provaria unicamente por meio dos fósseis humanos: provou-a também, e com muita certeza, a presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo bastou para lhe atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhece-se o grau de inteligência ou de adiantamento dos que o executam.

Se, pois, achando-nos numa região habitada exclusivamente por selvagens, descobrirmos uma estátua digna de David, não hesitaremos em dizer que, sendo incapazes de tê-la feito os selvagens, ela seria obra de uma inteligência superior à deles.

Pois bem, lançando o olhar em torno de nós, sobre as obras da natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhecemos não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é lógico que elas são produto de uma inteligência superior à humanidade.

A beleza importa. Fomos projetados para o belo. A humanidade foi inserida no Cosmo, na beleza, na perfeição da lógica, no equilíbrio das formas e cores. Nisto tudo há a presença do belo. Precisamos, então, prestar atenção no que veio de nós através da cultura e da arte.

O ser humano intrinsecamente produz cultura. Manifesta-se esteticamente nas letras, nas artes, nas ciências diversas. Vemos, entretanto, em nosso tempo a arte sendo degradada, sem sentido e de mau gosto, na moda, nas performances ridículas que nada dizem e nas instalações que estão mais preocupadas com pegadinhas estéticas do que com o fazer do artista. O belo morre, pois não se vê Deus nas artes.

É fácil perceber, a feiura progride e avança. A estética não traz harmonia e equilíbrio, agora traz ruptura e caos. No afã de serem pós-modernos, os artistas materialistas e, portanto, desconectados de Deus, deixam de lado a técnica e o belo, para colocarem um pensamento pseudo-revolucionário, marxista, também nas artes.

Tudo que fazemos traduz a marca de Deus em nós. O próprio fazer já é um impulso divino. Em Deus, vivemos, nos movemos e existimos, disse Paulo a seus discípulos no areópago grego.

Roger Scruton (professor de estética na Universidade de Londres) é claro ao falar: “Então, a partir do século XX, a beleza deixou de ser importante. A arte, gradativamente, se focou em perturbar e quebrar tabus morais. Não é beleza, mas originalidade, atingida por quaisquer meios e a qualquer custo moral, que ganha os prêmios. Não somente a arte faz um culto à feiura, como a arquitetura se tornou desalmada e estéril. E não foi somente o nosso entorno físico que se tornou feio: nossa linguagem, música e maneiras, estão ficando cada vez mais rudes, autocentradas e ofensivas, como se a beleza e o bom gosto não tivessem lugar em nossas vidas”.

Precisamos nos religar à arte. Não uma arte religiosa, sacra e idólatra, mas uma arte que, sem intenção, fale aos homens aquilo que Deus é: beleza, equilíbrio, perfeição em meio ao nosso caos.

Precisamos urgente buscar uma arte que mostre a natureza de Deus e a dádiva dos dons aos homens.

Precisamos da beleza de Deus em nossas vidas, agora!