A alteridade é uma estratégia fundada
na ética da fraternidade e da paz; um indicativo de como agir diante dos
conflitos do mundo, inclusive os nossos, a fim de que possamos construir o
mundo de regeneração, por representar, em sua profundidade, as leis cósmicas de
convívio entre os seres.
Na questão 621 de O Livro dos
Espíritos, Kardec pergunta onde estão escritas as leis de Deus, obtendo a
seguinte resposta: “Na consciência”.
Refletindo
sobre as implicações da prática da alteridade pelos seres humanos, pode-se
afirmar que esse é um valor que está escrito em nossas consciências e que
somente agora começa a ser descoberto. Seu significado reflete uma nova
mentalidade, aquela que deverá vigorar na civilização que, certamente, irá
transformar a Terra num mundo de regeneração porque se refere à aceitação das
diferenças; também significa a não-indiferença, o amar ou ser responsável pelo
outro, o aprender com os diferentes, aceitando e respeitando-os em suas
diferenças.
A
propósito, devemos lembrar que todos os seres humanos são diferentes uns dos
outros.
A
postura alteritária nos leva a ver todos com bons olhos, lembrando as palavras
de Jesus: “Ama o próximo como a ti mesmo”
A
pessoa que vivencia a alteridade passa a ser mais fraterna em todos os
sentidos, deixando de criticar, julgar, agredir...
As
atitudes de não-crítica, não-agressão e não-julgamento deixam o ser em paz
consigo
Aí você poderá contestar dizendo que
atitudes assim tornam a criatura alienada. Mas há grande diferença entre
analisar – com vistas ao próprio aprendizado e também no intuito de ajudar,
caso seja viável – e julgar, criticar, enviar uma vibração negativa para o
errado, seja ele uma pessoa, uma instituição ou uma nação, já que as
instituições e as nações são formadas por pessoas.
Agindo com alteridade, ou seja,
sentindo-se também responsável pelo outro, você entende que deve falar-lhe,
alertando-o afetuosamente para o erro que está cometendo de forma a não
humilhá-lo, encontrando a melhor maneira de ser, junto àquela pessoa, uma
presença benéfica, e, caso seja inviável esse alerta, poderá emitir-lhe uma
vibração fraterna junto com a ideia de que não se deve pisar a grama.
Desenvolvemos
a alteridade respeitando completamente a maneira de ser dos outros, em seus
erros, equívocos e até mesmo em suas maldades, lembrando que todos somos seres
em diferentes faixas evolutivas, tornamo-nos mais leves, mais de bem com a
vida, mais alegres e também mais saudáveis. E se entendermos e aplicarmos
verdadeiramente a alteridade, faremos uma prece pelos que estamos observando em
erro e lhes direcionaremos vibrações positivas, indutoras de ações mais
corretas.
Exercer a faculdade da crítica faz
parte do crescimento do ser humano. Só que há dois tipos de crítica, uma é
saudável, a outra, não.
Na crítica saudável, podemos dialogar
com tranquilidade, debater nossos pontos de vista, trocar idéias, estar abertos
para aprender com os outros, enfim, participar ativamente das situações, sempre
visando o bem geral. Isto nos torna seres benéficos para nós mesmos e para os
outros, tanto em nosso lar, quanto no ambiente profissional, na sociedade, em
nossa comunidade.
Mas, se de todo não conseguimos nos
conter, ao percebermos que estávamos tecendo críticas ou mesmo comentários
negativos sobre alguém, podemos anular os efeitos danosos que atitudes tais
podem gerar tanto no criticado quanto em nós, invertendo as ações, ou seja,
passando a garimpar os valores de quem estávamos alvejando com nossos pensamentos
ou palavras.
Na verdade, a alteridade, em sua
essência, deve manifestar-se assim como uma postura ética ou um alicerce
interior, sob cujas diretrizes se constrói o nosso pensamento e emoções, dentro
de um entendimento mais pleno sobre o ser humano e a própria vida.
Quando, um dia, os valores da alteridade e do amor fizerem parte da
vivência das pessoas, o mundo inteiro vai perceber que a vida é bela e vale a
pena viver; que o amor é alegria e vai entender que o Cristo voltou.
Excerto do livro “A Transição está pedindo mudanças”
Saara
Nousiainen e Simone Ivo Sousa