domingo, 27 de abril de 2014

Nossos Filhos e a Educação


Nós colocamos gente demais na cadeia, mas se parássemos para pensar, descobriríamos de onde vem a violência. Como é a nossa sociedade? Como as nossas famílias são organizadas? O que é ensinado em nossas escolas? Por que temos que colocar toda a culpa nos jovens? Por que não podemos reconhecer nossa própria co-responsabilidade?
Os jovens agridem a si mesmos e aos outros porque a vida não tem sentido para eles. Se continuarmos a viver dessa forma e a organizar a sociedade como fazemos, continuaremos a produzir milhares de jovens que precisam ser aprisionados.
Ao contemplar nossos filhos, vemos os elementos que os produziram. Eles são como são porque nossa cultura, economia, sociedade e nós mesmos somos do jeito que somos. Não podemos simplesmente culpar nossos filhos quando as coisas não dão certo. Muitas causas e condições contribuíram. Quando soubermos transformar a nós mesmos e a sociedade, nossos filhos também se transformarão.
Os jovens aprendem a escrever, a ler, aprendem matemática, ciências, e outras matérias na escola para ajudá-los a ganhar a vida, mas poucos currículos escolares ensinam os jovens a viver – como lidar com a raiva, como reconciliar conflitos, como respirar, sorrir, como transformar as formações interiores.
A educação necessita de uma revolução. Precisamos incentivar as escolas a ensinar a seus alunos a arte de viver em paz e harmonia. Não é fácil aprender a ler, escrever ou resolver problemas matemáticos, mas as crianças conseguem.
Aprender a respirar, sorrir e transformar a raiva também pode ser difícil, mas é possível. Se ensinarmos as crianças valores adequados, quando elas tiverem apenas doze anos já saberão viver em harmonia com as outras pessoas.


Thich Nhat Hanh em A essência dos ensinamentos de Buda

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