sábado, 15 de fevereiro de 2014

Cuide do Planeta Cuidando de si Mesmo


Há décadas quando Armstrong punha o primeiro pé humano na superfície lunar, em todos os cantos do planeta Terra, junto com os suspiros de admiração e expectativa, um quase lamento se ouvia; “As ciências e a tecnologia levam o homem a conhecer e dominar o mundo da matéria, a realidade exterior, mas pouco ou quase nada se conhece do mundo interior e da realidade mental do Ser Humano. Conhecemos o mundo, mas não conhecemos a nós mesmos".
Ora! Você não está satisfeito com as atividades que desempenha? Talvez não goste do seu trabalho ou tenha se aborrecido por ter concordado em fazer alguma coisa, embora parte de você não goste e ofereça resistência.
Tem algum ressentimento oculto em relação a alguém próximo a você? Percebe que a energia que você desprende por causa disso tem efeitos tão prejudiciais que você está contaminando a si mesmo e aos que estão ao seu redor?
Dê uma boa olhada dentro de você. Existe algum leve traço de ressentimento ou má vontade? Se existe, observe-o, tanto no nível metal quanto no emocional. Que tipos de pensamento a sua mente está criando em torno dessa situação? Depois observe a sua emoção, que é a reação do corpo a esses pensamentos. Sinta a emoção. Ela lhe parece agradável, ou não? É uma energia que você escolheria para ter dentro de você? Você tem escolha?
Talvez a atividade seja tediosa, ou alguém próximo a você seja desonesto, irritante ou inconsciente, mas tudo isso é irrelevante.
Não faz a menor diferença se os seus pensamentos e emoções a respeito da situação tenham ou não justificativa. O fato é que você está resistindo ao que é. Está transformando o momento atual num inimigo.
Está criando infelicidade, um conflito entre o interior e o exterior. A sua felicidade está poluindo não só o seu próprio ser interior e daqueles á sua volta, como também a psique coletiva humana, da qual você é uma parte inseparável.
A poluição do planeta é apenas um reflexo de uma poluição interior psíquica gerada por milhões de indivíduos inconscientes, sem a menor responsabilidade pelos espaços que trazem dentro de si.
Você pode parar de executar a tarefa que lhe está causando insatisfação, falar com a pessoa envolvida e expressar todos os seus sentimentos, ou livrar-se da negatividade que a sua mente criou em volta da situação e que não serve a nenhum propósito, exceto o de fortalecer um falso sentido do eu interior. É importante reconhecer essa inutilidade.
A negatividade nunca é o melhor caminho para lidar com qualquer situação. Na verdade, na maior parte dos casos, ela nos paralisa, bloqueando qualquer mudança verdadeira. Qualquer coisa feita com uma energia negativa será contaminada por ela e dará origem a mais sofrimento.
Além disso, qualquer estado interior negativo é contagioso, pois a infelicidade se espalha mais rapidamente do que uma doença física.
Você está poluindo o mundo ou limpando a sujeira? Você é responsável pelo seu espaço interior, da mesma forma que é responsável pelo planeta.

Assim no interior como é no exterior: se os seres humanos curarem a si mesmo estarão curando o planeta.
Adaptado de O Poder do Agora de Eckart Tolle

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Parar, acalmar e curar-se


Existe uma estória zen sobre um homem a cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: Aonde você está indo? E o homem a cavalo responde: Não sei, pergunte ao cavalo!
Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela.
Estamos sempre correndo, e isto já se tornou um hábito.
Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono.
Estamos em guerra com nós mesmos e é fácil declarar guerra aos outros também.
Precisamos aprender a arte de parar nosso pensamento, a força dos nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz.
Nós ligamos a TV e depois desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos?
É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente, da oração e da contemplação.
Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.
Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que a nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê?
Porque a foça do hábito acaba vencendo e nos levando de roldão.
Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta.
- Alô força do hábito, eu sei que você está aí!
Nessa altura, se conseguirmos sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.
Por outro lado, o esquecimento ou a negligência é o oposto. Tomamos uma xícara de café sem querer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos, mas não percebemos que a pessoa está ali.
Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no futuro ou no passado. O cavalo de nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele.
Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo que fizemos, para que a nossa escuridão do esquecimento desapareça. Precisamos aprender a orar.
A primeira função da oração é fazer parar; a segunda é acalmar,
Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornarmos mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro.
O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para se deitar e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam.
Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos.
Temos que aprender a repousar, a posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante as orações sentados ou caminhando.
Orar ou meditar não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada.
Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir.
O mundo precisa imensamente de cura, Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

Thich Nhat Hanh em “A essência dos ensinamentos de Buda”