Acolhimento
é uma atitude que necessita comprometimento do corpo, mente e emoção. Não dá
para fingir acolhimento, pois o corpo denuncia e é facilmente perceptível pelo
outro. Para acolher é necessário, antes, criarmos dentro de nós um espaço para
receber, dar abrigo, proteger seja uma pessoa, uma ideia ou um animal.
A
necessidade de acolhimento em nós está correlacionada às sensações do colo
materno que ficaram registradas em nosso subconsciente, desde a mais tenra
infância. As relações humanas, cada vez mais materialista em que vivemos, não
oferecem essa sensação tão facilmente. Há um sentimento de desumanização no ar.
O
mundo que vemos na televisão, nos jornais e nos computadores em nossas mãos,
mostram o abandono generalizado num modo de viver cada vez mais distanciado de
nossas origens, de nossos sentimentos natos, numa impressão de total falta de
solidariedade e amor.
Gente morando
nas ruas, desmatamento, indiferença, ganância, crueldade com animais e seres
humanos por toda parte do planeta. Há uma nítida impressão de falta de amor na
relações humanas, com o planeta e com nossos parceiros de viagem.
Essa
frieza para com o mundo externo contamina nossas relações íntimas, nosso
ambiente familiar. Ficou comum o não importar-se com o outro. As consequencias
desse percurso já começamos a perceber.
O
retorno ao processo do se importar e novamente sentir, para podermos acolher
com simpatia, generosidade e gentileza, passa por não temer o outro nem a si
mesmo.
Estamos
cada vez mais envolvidos por camadas de segurança e auto-proteção. É preciso
atravessar essa barreira e ir direto ao ponto. Voltar a sentir afeto pelos
outros que nos cercam em todos os ambientes por onde transitamos.
Acolher
tem o poder de mudar vidas para melhor.
Há
poder no afeto compartilhado e onde ele existe vemos o ser humano crescer com
mais saúde e amorosidade, as relações de trabalho são menos tensas e famílias
mais unidas e fortalecidas. O nível do estresse diminui, tensões desaparecem,
angustias dão lugar a esperança e o medo reflui. As glândulas funcionam melhor
e a química do corpo se recompõe gerando bem-estar.
A par
do acolhimento ao próximo, não podemos esquecer o acolhimento a nós mesmos.
Quando nos
sentimos desajustados em nós mesmos, tornamo-nos reféns de nossa própria
autocrítica. Quando passamos alguma vergonha ficamos presos a um estado interno
que nos coloca cada vez mais para baixo. O mesmo pode ocorrer quando somos
agredidos ou simplesmente somos mal atendidos.
Quando o
desconforto próprio ou alheio entra dentro de nós, só nos resta cuidar deste
mal-estar. Se os outros (ou nós mesmos) nos tratam mal, ainda assim, podemos
nos tratar bem! A alavanca para mudar este sistema é saber nos auto-acolher.
Auto-acolher-se
não quer dizer ser condescendente com os próprios erros, mas tratar a nós
mesmos com gentileza à medida em que admitimos nossas falhas.
Validar nossas necessidades
é uma boa maneira de nos auto-acolher. Quando nos auto-acolhemos, podemos ser
quem somos.
Livres da pressão
interna de corresponder a expectativas que ainda não estamos prontos para
cumprir, podemos relaxar e gradualmente gerar novas forças para seguir adiante.
Uma vez confortáveis com nossa base interior, podemos nos preparar para receber
melhor o outro, seja em sua alegria ou desconforto.