Há poucos dias estava eu
na Praça XV, no centro de Florianópolis, esperando minha esposa que entrara num
banco para provar que estava viva para a Previdência Social, quando minha
atenção focou numa moça dos seus 25 anos que passava embrulhada num cobertor.
Como o termômetro ali ao lado acusava 20 graus, pensei tratar-se de uma
moradora de rua.
Mas notei que ela estava
bem vestida, penteada, postura ereta e que o tal cobertor era bonito demais
para ser um cobertor de morador de rua. Dei-me conta que era uma manta peruana
e que ela a usava não só como agasalho, mas também para fazer um estilo tal que
eu não saberia identificar.
Na sequência, percebi que
outros tipos “estranhos” desfilavam pelo calçadão da Catedral Metropolitana e
eu ali a observar a diversidade de tipos humanos, cada qual com seu estilo
próprio, uns estereotipados e outros absolutamente originais, com seus estilos
cunhados no passar dos anos e pelas condições que a vida se lhes apresentou.
Estendi minha percepção
para a humanidade e pus-me a pensar na diversidade de tipos humanos que nós,
que viemos para a Terra, nos tornamos. E achei interessante constatar a
maravilha que é a diversidade humana.
Filhos de Deus e tal qual
filhos de pais terrenos somos todos diferentes. Não há dois seres humanos
iguais, quer seja na aparência, quer seja na alma.
Cada qual está neste
momento vivendo um patamar existencial resultante de todas as suas experiências
pretéritas e que o torna um ser único.
As ideologias, que pregam
a igualdade entre os homens, desconsideram essa realidade: nós não somos iguais
e nem precisamos ser. Precisamos ser nós mesmos. Vivemos, em cada experiência
carnal imersos no mundo que escolhemos viver, para aprender com as facilidades
e dificuldades dele decorrentes.
Os imensos conjuntos
habitacionais construídos pelos governos nas periferias das cidades me causam
constrangimento. Como ter casas iguais para pessoas diferentes? Como
engenheiro, sempre primei por projetar casas que retratassem a personalidade de
cada proprietário e me foi comum ouvir “essa é a casa dos meus sonhos”.
Lembrei das imagens que
vinham da China, no período de Mao Tsé Tung, com o chineses todos vestidos com
a mesma bata azul, como se fosse um rebanho humano. A sensação que me causa,
ainda, uma imagem dessas, é de que aqueles seres não tinham identidade, eram
números, gado humano.
A diversidade que eu
observava ali na praça era muito mais humana, mais real, mais vibrante e eu
sentia como mais autêntica e desejável para a experiência humana na Terra.
Sou cristão e aprendi que
o julgamento é uma atitude cruel para com outros, pois pressupõe sabermos qual
é a condição ideal de vida dos outros.
A beleza humana está
justamente na singularidade que somos, na diversidade das formas, saberes e
dons.
Nosso livre arbítrio além
de permitir que cada ser se expresse, apresente-se ao mundo tal qual a sua
natureza, ainda nos possibilita ser inspiração para que outros cresçam e tragam
ao mundo suas contribuições à grande obra da existência.
Somos uma constelação a
emanar nossas luzes para o Universo, tal qual a diversidade de flores que
encontramos na natureza, cada qual com sua forma, cor e perfume. A natureza nas
florestas nos mostra claramente como a vida pulsa na diversidade dos tipos e
formas, o verdadeiro Jardim do Éden, onde todas as plantas e animais convivem
em harmonia, havendo espaço e condições de vida e progresso para todos.
A monocromia é insossa,
entediante e sem graça. A padronização, igualmente rouba a beleza da
originalidade.
Ama o próximo como a ti
mesmo, disse o Mestre. Isso nos leva a entender que precisamos nos conhecer
profundamente para entender quem somos, qual nossa contribuição à humanidade e
qual a razão de estarmos aqui e agora, qual nossa luz, nossa força.
Adilson Maestri
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