Mamon é um termo derivado da Bíblia, usado para
descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes personificado como
uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica
"Mamon" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro".
Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Capítulo XVI – Não se Pode
Servir a Deus e a Mamon, diz o seguinte:
A desigualdade das riquezas, entre os homens,
é um desses problemas que inutilmente se procurará solucionar, quando se
considerar apenas a vida atual.
A primeira questão que se apresenta é esta: Por
que todos os homens não são igualmente ricos?. Eles não são igualmente ricos por
uma razão bem simples: é que não são
igualmente inteligentes, ativos
e laboriosos para adquirir a fortuna, nem sóbrios e previdentes para conservá-la.
Considere-se, também, que é um princípio
matematicamente demonstrado que, se a riqueza fosse dividida em partes iguais
para cada um, essa parte seria mínima e insuficiente. Supondo-se que fosse
feita essa divisão, o seu equilíbrio seria rompido, em pouco tempo, pela
diversidade de características e de capacidade que há entre os homens.
Supondo-se, porém, que essa divisão da
riqueza fosse possível e durável, tendo cada pessoa com o que viver, teríamos a
extinção de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem estar
da humanidade.
Supondo-se, ainda, que a cada um se dê o
necessário para alimentar-se, vestir-se e alcançar todo conforto material, já
não haveria mais o estímulo necessário que impele o homem para as grandes descobertas
e para os grandes empreendimentos úteis à coletividade.
Se Deus a concentra sobre certos pontos, é
para que daí se expanda em quantidade suficiente, segundo as necessidades das realizações
humanas.
Admitido isto, indaga-se por que Deus a
concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Está aí
uma prova da sabedoria e da bondade da Providência Divina. Ao conceder ao homem
o livre-arbítrio, Deus quis que o homem chegasse, por sua própria experiência e
decisão, a discernir o bem e o mal e, consequentemente, a praticar o bem como
resultado de seus esforço se de sua própria vontade.
O homem não deve ser fatalmente conduzido ao
bem e nem ao mal. Se assim fosse, ele não seria mais que um instrumento passivo
e sem responsabilidade como os animais. A riqueza é, assim, um meio de prová-lo
moralmente. Mas como a riqueza é, ao mesmo tempo, um poderoso meio de ação para
o progresso, Deus não quer que ela se torne por longo tempo improdutiva. Deus a desloca incessantemente de uma mão para a outra. Cada uma das pessoas
deve possuí-la, para exercitar-se no seu uso e demonstrar o emprego que sabe
dar-lhe.
Há, porém, a impossibilidade material de
conceder a riqueza a todos ao mesmo tempo. Se todos a possuíssem ao mesmo
tempo, ninguém trabalharia e o progresso da Terra sofreria com isso. Por tal
razão, cada um a possuirá por sua vez.
Assim é que aquele que hoje não a tem, já a teve em outra existência anterior,
ou a terá no futuro. E o que hoje a possui, não a terá amanhã.
Há ricos e pobres porque Deus, sendo justo,
faz com que cada um trabalhe por sua vez. A pobreza é, para uns, a prova da paciência
e da resignação. A riqueza é, para outros, a prova da caridade e da abnegação.
Lamenta-se, com razão, o triste uso que
algumas pessoas fazem de sua fortuna, as lamentáveis paixões que a cobiça
provoca e, por isso, pergunta-se: Deus é justo ao conceder a riqueza para tais pessoas?
É certo que se o homem não tivesse outra existência, nada justificaria tal
distribuição de bens na Terra. Mas, se não nos limitar-nos tão-somente à vida
atual, e considerarmos o conjunto de reencarnações, veremos que tudo se
equilibra com justiça. O pobre não tem, portanto, motivos para acusar a
Providência Divina e nem para invejar os ricos. Os ricos, por sua vez, não têm
motivos para se glorificarem do que possuem.
Se os ricos abusam, não será com decretos e
nem com leis maliciosas que se consertará o mal. As leis podem modificar momentaneamente
a aparência do mal, mas não podem modificar a natureza dos sentimentos. Eis porque
as leis injustas têm uma duração curta e são, quase sempre, seguidas de uma
reação popular desenfreada.
A origem do mal está no egoísmo e no orgulho.
Os abusos, de qualquer natureza, cessarão por si mesmos, quando os homens orientarem
suas ações sob a inspiração da lei de caridade.