Passado o carnaval, os cristãos começam a se preparar para a páscoa. Mais uma data comemorativa advinda das civilizações antigas.
Os romanos celebravam uma festa religiosa em que o protagonista era um ser meio homem, meio deus, que nasceu de mãe virgem e ressuscitava a cada ano. Presentear ovos fazia parte da cerimônia. Não estamos falando da Páscoa, mas de uma das festas que a originou: a homenagem à deusa Cibele e ao pastor Attis, o personagem que ressuscita.
Entre os egípcios, a comemoração era para Osíris – que também ressuscitava. Até mesmo o Pessach, a páscoa judaica que deu origem à cristã, surgiu dos rituais da primavera dos pastores e agricultores hebreus, com seus pães sem fermento e sacrifício de animais.
Os povos germânicos celebravam a entrada da primavera com uma festa dedicada a deusa Eostre. Ainda hoje a Páscoa é chamada Ostern em alemão e Easter em inglês.
Para celebrar a ressurreição de Jesus na páscoa, três dias antes, os cristãos recordam sua morte na cruz e todo ano - nos países de predominância católica - desfilam procissões com ele carregando sua cruz.
Além disso, em todas as igrejas, lá está Jesus pregado numa cruz o ano inteiro e muitas pessoas até carregam esse símbolo pendurado no pescoço por toda a vida.
O próprio Jesus disse: “Deixai que os mortos cuidem dos mortos”; e com isso nos ensinou a deixar que os seres humanos sigam suas vidas após o desencarne sem a interferência dos que continuam sua experiência carnal.
É lícito recordar com alegria de nossos parentes e amigos que já nos deixaram, mas é falta de caridade lembrá-los em sofrimento ou de suas decisões e comportamentos que lhes trouxeram sofrimento enquanto estavam conosco neste plano existencial.
Deixar que os seres sigam suas estradas em busca de mais aprimoramento é justo e caridoso.
Forçá-lo a reviver seus momentos tristes fazendo perpetuar as marcas daquele personagem que ele viveu é crueldade.
Assim entendo que aquele ser que teve uma experiência carnal com nome de Jesus e que magnificamente nos deixou um legado de amor incondicional, nos ensinando o caminho para crescermos enquanto seres humanos, nos reconhecendo como irmãos numa filiação divina, possa seguir seu caminho livre dessas lembranças cruéis.
Vamos comemorar a Páscoa? Sim, o renascimento dele para uma nova e melhor vida. Assim como queremos que aconteça com todos os nossos entes queridos e a nós mesmos, então que seja a Páscoa uma celebração ao nosso perpétuo renascer.
Lembrar de Jesus pregado na cruz é tentar perpetuar uma lembrança que com toda certeza ele não deseja para si.
Nascemos com a dádiva do esquecimento de vidas passadas, porque insistimos em relembrar os momentos tristes de outrem, quer sejam vividos em encarnação contemporânea a nossa atual ou em anteriores?
Isso não é maldade?
Pense no assunto!
Jesus é o reflexo externo do cristo que temos dentro de nós.
São exemplos como o dele que nos motivam a crescer e a nos transformarmos em pessoas melhores.
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