Muitos veem o autoconhecimento como a busca de
seus valores negativos, visando combatê-los. Refletindo mais profundamente,
vamos perceber que o mais importante não é a identificação do que há de errado
em nós, mas sim a descoberta das nossas qualidades. Se olharmos apenas para o
nosso lado escuro, vamos ficar sempre tateando nas sombras.
Também vale lembrar que no mundo cristão
estamos milenarmente condicionados a ver apenas nossos pecados ou erros, ou
seja, o nosso lado sombrio, que se avoluma sobre nós em complexos de culpa, criando
ambiente favorável à instalação do medo. Ser humano com medo é ser manipulável.
É certo que jamais poderemos acabar com o medo,
porque ele faz parte da vida, mas podemos dominá-lo, não permitindo que ele nos
domine ou que seja usado por outrem para nos dominar.
Se aprendermos a olharmo-nos no espelho e dizer
com convicção “eu sou uma pessoa boa, graciosa, justa, fraterna”; “sou
inteligente e capaz”; “sou uma pessoa bonita” etc., essas afirmações
facilitarão a introjeção desses valores, ou melhor, a nossa conscientização de
que os possuímos e eles passam a sobrepujar os seus opostos.
Essa viagem interior no intuito de
reconhecermos nossas qualidades é uma questão de honestidade, não de vaidade. Perceber
quantos focos de luminosidade interior possuímos ajuda a reconstruirmos nossa
imagem e isto nos leva a nos admirar e também a admirar os outros.
Quando passamos a nos conhecer, a perceber nossos
dons e capacidades, também deixamos de nos incomodar com as críticas e elas
servirão apenas para mais profundamente podermos buscar o autoconhecimento. Mas
se ficarmos olhando só para o nosso lado escuro, estaremos fadados a andar
tateando em nossa própria sombra.
Também devemos nos acostumar a sempre agradecer
a Deus pelas nossas qualidades e trabalhar no sentido de aperfeiçoá-las e
ampliá-las.
Que no novo ano que inicia, possamos dar mais
ênfase às nossas qualidades e também a perceber as boas qualidades dos nossos
companheiros de viagem!
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