terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O Melhor Lugar


Qual o melhor lugar do mundo?

Penso em lugares paradisíacos onde já fui e gostaria de voltar: num determinado restaurante no Peru, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de amigos, numa pequena cidade italiana, na Serra do Rio do Rastro, no meio de um show dos Beatles, numa sala de cinema assistindo à qualquer filme de Ridley Scott e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – nossa intimidade é irreproduzível.
Posso também pensar nos lugares onde eu não gostaria de estar: um leito de hospital, uma fila de banco, uma reunião de condomínio, preso num elevador, em meio a um trânsito travado, numa cadeira de rodas.
E aí? Somando prós e contras, boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu sentimento é que esse lugar é dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para um homem apaixonado, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o ruído do whatsapp e, se faltar luz, tanto melhor.
Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve. Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, esquecemo-nos em meio ao paraíso.
O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se estar? 
Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira-mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? 
Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando no ano de 2016, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.
Baseado no artigo de Martha Medeiros

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