“Vinde a mim, vós todos os que estais
aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.
aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.
Tomai meu jugo sobre vós e receberei minha doutrina,
porque eu sou manso e humilde de coração,
e achareis repouso para as vossas
almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11. 28-30)
Segundo
Allan Kardec, a passagem do Ser Espiritual pelas encarnações é uma necessidade,
que tem como objetivo levar o espírito à perfeição, onde todos são criados
simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da
vida corporal e, ao mesmo tempo, cumprem sua parte na obra da criação.
De
acordo com Altair F. Cunha, nessa linha de raciocínio se encontra uma lógica
para o problema do ser, da dor e para o paradoxo do Suicídio. Assim, mesmo que
o ser humano sofra desarmonias, não há um determinismo ao suicídio, mesmo que
haja tendência, a escolha é individual de sucumbir ou não a ele.
Jamais
devemos confundir sujeição do indivíduo ao erro com determinismo ao erro. A
sujeição é resultado da própria imperfeição, característica do atual estágio de
evolução do homem, seria uma tendência ao erro, com a possibilidade de
superação de acordo com o uso do seu livre arbítrio. Já o determinismo seria
uma submissão inevitável ao erro.
Na
ótica espírita, o suicida é um Espírito imortal, que teve outras oportunidades
reencarnatórias, onde - por meio de transgressões às leis da vida - gravou em
seu perispírito as desarmonias que hoje o atormentam. Assim, tem em si fatores
predisponentes (matrizes), que quando não se encontra amparado pelas ações
fortalecedoras (fé, caridade, oração, perdão...) acabam sendo desencadeantes
para depressões e obsessões que podem resultar em suicídio. No entanto, o
suicídio é sempre um desvio de rota, jamais um programa existencial.
Segundo
Richard Simonetti, o perispírito é molde da forma física. Se há desajustes nele
devido ao suicídio, o corpo físico será plasmado com alterações variadas, de
acordo com a agressão que o indivíduo cometeu contra si mesmo. Cunha, explica
que o espírito ao reencarnar, com a mente em desalinho, gera um campo de força
específico que atrai os componentes genéticos mais adequados para a sua
experiência.
Cunha,
afirma que a maioria das pessoas que ameaçam suicidar-se são suicidas em
potencial, indo contra o senso comum que apregoa que quem diz que vai se matar
não o fará. Ou, aquele velho ditado: Cão que ladre não morde!
O
suicídio cria refolhos no ser, predisposições à repetição do ato. Por isso, é
muito comum a tendência ao suicídio num Espírito que já foi suicida. Assim, por
prudência, em casos reincidentes, onde o efeito da culpa poderia se prolongar
indefinidamente é planejada uma reencarnação reparadora, normalmente curta, com
o intuito de amortecer as desarmonias vibratórias, voltando o espírito ao plano
espiritual mais aliviado dos dramas conscienciais, para preparar-se para novos
empreendimentos na carne.
É
importante pontuar que os espíritos reencarnam em grupos afins, por isso, não é
raro encontrar em algumas famílias uma tendência familiar ao suicídio. Pois o
grupo se reúne em ambiente familiar buscando um resgate conjunto.
Vale
esclarecer que, embora a ciência desconheça, para o Espiritismo existe um fator
considerado um dos mais importantes na sucessão e concretização das ideias
suicidas – a obsessão. Que seria a influência perniciosa que certos Espíritos
desencarnados exercem sobre os encarnados.
Todo
espírito, encarnado ou não, possui livre arbítrio, se tornando assim
responsável pelo que acatar das sugestões oferecidas por entidades espirituais.
Essas influências podem ser boas ou más, de acordo com o nível de
esclarecimento do Espírito que as provocam, da mesma forma que há indutores de
ideação suicida há auxiliadores de sugestões positiva.
A
vida é um patrimônio individual, entretanto, devido à interdependência através
da qual é gerada e perpetuada, torna-se um patrimônio coletivo. Dessa forma, suicidar-se
não é apenas um fenômeno de autodestruição, mas, sim, de destruição de
esperanças e causa de muitos sofrimentos aos familiares, amigos e outros que de
forma direta e indireta se vinculam ao suicida.
De
acordo com Cunha, suicídio, na ótica espírita, não é apenas o gesto precipitado
de autodestruição realizado por alguém aturdido de suas provações ou pela
loucura. Sempre que alguém, através dos excessos e precipitação, provoca
desequilíbrios e desgaste físico e mental em si mesmo, será reconhecido como
suicida. Assim, conclui-se que os chamados suicidas diretos são a minoria,
comparados a outros, denominados suicidas indiretos. Porém, vale ressaltar que
os resgates são proporcionais à consciência que se tem dos erros cometidos.
Suicídio é uma grave enfermidade do Espírito, podendo ser estimulado por
fatores externos.
É
comum no meio espírita o pensamento de que todo suicida permanecerá em
sofrimento em regiões sombrias, como o Vale dos Suicidas, até que complete o
tempo que teria no corpo físico. Não se pode generalizar, pois sempre existirão
agravantes e atenuantes. Entretanto, através de revelações dos mentores
espirituais, o sofrimento do suicida é superior a qualquer sofrimento que ele
tenha experimentado enquanto encarnado. Quanto maior o esclarecimento e a
consciência do erro cometido, maior será o sofrimento.
Para
entender os motivos do sofrimento do suicida é importante se ter claro que o
homem é um composto formado por: espírito, perispírito e corpo físico. O corpo
físico é transitório e entra em decomposição algumas horas após o desencarne.
Mas o perispírito do suicida, por ter antecipado o seu retorno, entra no plano
espiritual impregnado de vitalidade. Sendo ele um corpo intermediário
(fluídico), que acompanha o espírito, registra todas as impressões, boas e más
advindas do corpo físico. Neste caso, poderá registrar o processo após a morte
do corpo.
Simonetti
esclarece que os suicidas não perderam a filiação divina, nem estão confinados
eternamente em regiões infernais. Deus faz-se presente, representado por
mensageiros do Bem que observam e amparam, ainda que, em sua confusão mental e
nos tormentos que os afligem, não conseguem ter consciência dessa aproximação.
Segundo
Cunha, o suicídio é o maior equívoco que alguém pode cometer. A falta de conhecimento
da imortalidade da alma e a falta de fé são fatores complicadores. A vida
continua após o estágio no corpo físico. Cada desencarnado acordará no plano
espiritual com suas virtudes e vícios, essa é a grande decepção sofrida pelos
que ingressaram no Mundo Espiritual pelo suicídio.
De
acordo com Simonetti, quem estuda a Doutrina Espírita e cultiva a reflexão em
torno de seus princípios, dificilmente colocaria fim à vida, pois tem
consciência de que as atribulações existenciais apresentam-se como uma
oportunidade de resgate, um reajuste diante das leis divinas, com vistas a um
futuro melhor. O suicídio seria uma fuga dos problemas considerados
insuportáveis.
Segundo
Cunha, a calma, a resignação e a confiança no futuro dão ao Espírito uma
serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Simonetti
afirma que a mudança de atitude corrige desarmonias vibratórias que poderão
refletir no composto celular em forma de cura. Sempre chega o momento de mudar,
a partir do próprio indivíduo, ansioso por libertar-se de seus condicionamentos.
Elizângela
Rodrigues Mota
Graduanda em Psicologia
Fontes Consultadas:
BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral, São Paulo: Ave Maria, 1959.
CUNHA,
F. Altair da. Um trágico equívoco: o
suicídio e suas consequências conforme o Espiritismo.Matão, SP: O Clarim. 2010.
KARDEC, Allan. O livro do Espíritos. 178ª Araras, SP:
IDE Editora, 2008.
SIMONETTI, Richard. Suicídio: Tudo o que você precisa saber. 6ª. ed. Bauru, SP: CEAC, 2012.
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