sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tarde de Sol


Hoje olhei com atenção e óculos para minhas mãos e vi veias saltadas e lesões provocadas pelo sol. Algumas já escurecidas outras ainda avermelhadas. Eu vi os sinais do sol e do tempo marcando o meu corpo.
Olhei para o imenso mar verde se encontrando com um céu de brigadeiro, muito azul, e fiquei  a pensar no tempo em que estou neste plano existencial.
Num retrospecto rápido vi muitas coisas, graças a Deus, todas boas acontecendo num tempo que não parei para precisar. Não importa se foram quarenta ou sessenta anos, importa que aconteceram coisas boas e muito importantes para mim e para aqueles que passaram e passam pela minha vida, construindo tantos relacionamentos amorosos e outros nem tanto, mas não lembro de ter construído relacionamentos à base do ódio e isso me deixa o coração tranqüilo.
Mas ali à minha volta centenas de pessoas apenas sorriam e falavam amenidades em suas cadeiras de praia sob guarda-sóis coloridos.
Um grupo de jovens desceu de um ônibus de turismo e tive, obrigatoriamente, que rever  meu tempo de colégio com nossas investidas em grupo à Praia da Joaquina, atravessando as dunas, pois o ônibus ia somente até a Lagoa da Conceição.
Confrontei, obviamente, o comportamento dos jovens da década de sessenta com aqueles  passando à minha frente,  enfileirados à procura de um lugar para se acomodarem ao sol na areia, não vi muita diferença. Jovens são sempre muito parecidos, irrequietos, alegres, bonitos. Mudam as roupas, mas ali na praia, não havia muita roupa, logo não eram muito diferentes dos jovens de gerações anteriores.
Não quis voltar no tempo, não quis, mentalmente, refazer nada, aceitei minha caminhada como ela foi, mas imaginei o quanto de esperança desfilava ali na minha frente. Quantos caminhos diferentes, quantos finais felizes e quantas desilusões caminhavam de pés descalços à beira mar
Olhei para o lado e vi minha mulher sentada ao sol. Outra estória já bastante desenvolvida em momento de pausa para os comerciais.
Sim, estar na praia, num domingo ensolarado, é um dia de pausa em qualquer  seriado vivo em andamento na mente de qualquer um.
Amanhã, dia de trabalho, começa o próximo capítulo, ou recomeça o mesmo para aqueles que nada mais aspiram em suas vidas e que fazem do tempo cronológico apenas um círculo vicioso de pensamentos e atitudes repetidas.

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