sábado, 20 de agosto de 2011

A Cura



Quando falamos em cura, geralmente estamos falando em recuperar a saúde, mas temos uma idéia vaga do que seja saúde.

Em princípio, estar saudável significa a percepção de ausência de sintomas no corpo, ou, mais comumente, nem pensar nada no que diz respeito a como estamos nos sentindo. Isso mesmo; nem sentir nada. Nossa mente está focada nas atribulações da vida material, nas coisas do cotidiano e não há espaço para percepções de qualquer ordem, tudo o que queremos saber é onde, quando e com quem faremos algo, ou sobre acontecimentos passados que reverberam em nosso consciente.

Quando algo de estranho insiste em se fazer notar em nosso corpo, paramos para tentar perceber o que seja e imediatamente partimos em busca do analgésico.

Santos remédios que nos livram dos inconvenientes da dor, cada vez com mais rapidez! Assim não precisamos parar para pensar nas razões das dores.

Entretanto, há sintomas, que insistem em se fazerem sentir; que exigem perdermos nosso precioso tempo em busca da analgesia. Consulta médica e inumeráveis exames, alguns com fila de espera – raios, e mais essa! – demandando mais tempo para pormos a pá de cal na situação.

O médico diz: você precisa repousar!

Re-pousar. Quer dizer: voltar a pousar, assentar, estacionar, parar, sossegar, deixar o rio das atribulações correr em seu leito enquanto você o assiste à distância.

Pôr-se de lado, contemplar a vida da dimensão terrena em seu movimento cíclico cumprir com seu papel e você ali tendo a oportunidade de poder começar a sentir, inicialmente o estorvo físico e depois o estorvo emocional que o subjaz, isso é re-pousar.

Aleitamento. Assim já é demais! Que perda de tempo! O mundo girando e nós na cama como se não houvesse nada para fazer lá fora!

Hora de começar a pensar no valor da saúde e, mais ainda, entender o que seja saúde.

Começa a se delinear o conceito de saúde quando começamos a perceber a não sincronia entre o movimento da vida, que segue seu rumo, e como estávamos inseridos nele.

Então, saúde não é a ausência de sintomas e sim a sincronia de nossas vidas com as leis do universo, ausência de interface com as distorções proporcionadas pelo livre arbítrio.

Mas... e se não tentarmos algo diferente?

É... se não tentarmos algo diferente, nunca saberemos o que é bom nem o que é ruim, nunca criaremos algo novo.

Então, as distorções que geram dor e sofrimento estão contidas dentro das leis universais como possibilidades de crescimento. Assim, doença e saúde deixam de ser antônimos para serem faces de uma mesma moeda que se complementam; Yin-Yang, um contendo o outro.

Assim volto a perguntar: o que é saúde e o que é doença?

Posso pensar em estados de consciências de um só processo, a vida.

E o que é a cura?

A possibilidade da compreensão desse processo, levando à sabedoria de acionarmos o retorno à harmonia sempre que a desarmonia tiver cumprido com o seu papel, nos acrescentando algo de novo.

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