segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Julgamento



Das deficiências humanas, uma das mais cruéis é o julgamento.

Baseado em nossa necessidade de optar, o julgamento deixa de ser um instrumento norteador de nossas atitudes para se constituir num entrave à vida dos que fazem sua experiência carnal à nossa volta.

Somos levados a optar a cada segundo para podermos tomar as decisões que nos cabem como parte processo existencial. Olho para frente ou para o lado, sigo essa ou essa outra rua, cerveja ou vinho, falo ou fico calado? E assim são inumeráveis as decisões que necessitamos tomar a cada novo dia de nossa existência.

Tomamos nossas decisões com base em nossas necessidades e no banco de dados que dispomos em nossa memória, sempre buscando o que é mais adequado para nossas vidas.

Bem... mas o que é mais adequado para nossas vidas?

Onde estão os padrões que acreditamos serem as fiéis balizas que nos apontam o caminho da felicidade? A quem ou a quê creditamos esse status de infalibilidade?

Esse é um critério subjetivo e está calcado em muitas crenças que acumulamos desde que nascemos.

Os adultos de nossa infância decretaram parâmetros que aceitamos como verdadeiros. Que diferença há entre esses adultos de outrora e esse que agora sou? Como me sinto em relação a decretar o que é certo e o que é errado?

Já dá para perceber a possibilidade de termos entrado em canoas furadas em terna idade e de ainda continuar remando para tocar esse mesmo barco em frente. Então, podemos refletir sobre esse banco de dados que possuímos em nossas memórias: seriam dados confiáveis? Não teriam sido esses dados responsáveis por me fazerem apostar em caminhos que não me levam aonde eu tenho certeza de encontrar a paz?

Rita Ribeiro canta um refrão que diz o seguinte: Tudo que se vê, prá que crer; tudo que se crê, prá que ter; tudo que se tem... prá quê?

Assim como nossos dados não são confiáveis para tomarmos decisões sobre nossas vidas, seriam eles confiáveis para julgar os atos dos outros?

Quando pomos os olhos sobre outra pessoa nossa mente, por hábito, dispara a separar os bois: essa eu quero, essa eu não quero, bebe vinho da galheta, come queijo, requeijão... Cuidado! Precisamos gritar de imediato. Ela não precisa da minha apreciação, ela tem suas próprias balizas para se orientar.

A intromissão na vida de outra pessoa deveria fazer parte do código penal como crime de lesa-humanidade. É uma violação absolutamente prejudicial à existência do ser humano, pois dificulta a pessoa de assumir sua vida em toda a plenitude que Deus lhe concedeu.

Tentar e não acertar nas nossas decisões faz parte do jogo existencial. Dar palpite na vida dos outros é falta de caridade.

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