Anjo da Guarda

Eu te agradeço meu pai por eu ter um amigo que silenciosamente tem me acompanhado durante toda a minha vida.
Um amigo que sempre procurei nas pessoas que conheci, a quem entreguei meu coração, minha alma. Um amigo a quem pudesse confidenciar minhas angústias mas também minhas alegrias. Um amigo para compartilhar.
Que fosse meu companheiro nas minhas aventuras externas e internas. Que entendesse minhas tristezas, que me consolasse. Que visse no brilho dos meus olhos a alegria que domina a minha alma. Que soubesse a hora de falar e de calar. Um verdadeiro amigo.
Procurei em todos os olhos que cruzaram com os meus, um reflexo, uma pista que me levasse a reconhecê-lo. Muitas pistas falsas encontrei. A cada uma meu coração cruzou com tanta intensidade que acreditei que ele havia chegado.
Esperava vê-lo chegar, não imaginava-o já ao meu lado.
É verdade que bons momentos vivi na ilusão de tê-lo encontrado em todos os homens, mulheres, crianças e velhos que me abraçaram. Quase todos chegaram e se foram, poucos permaneceram.
Sinto que todos querem algo de mim, tanto quanto eu quero deles. Não sei se foram satisfeitos. Não sei se era só isso mesmo. Mas pode ser que não, pois de minha parte ficou algo de cada um que esteve comigo. Com cada um aprendi alguma coisa.
Também aprendi a não esperar nada de nenhum deles.
Por isso hoje consigo perceber que aquele que busquei com tanta intensidade lá fora, sempre esteve aqui comigo, invisível para os olhos mas perceptível para a minha natureza divina.
Como no provérbio das pegadas na areia, hoje sei que ele tem me carregado no colo nas travessias mais difíceis.
Como descrever o meu sentimento por ele?
É algo que transcende a amizade. Deve ser um nível de amor que meus sentidos não alcançam.
Meu anjo da guarda, meu guia, meu mentor, como designá-lo?
Meu irmão, acredito que basta.