Há poucos dias fui ao Egito. Precisei adiar por dois meses minha ida porque uma semana antes da data agendada estourou a “Revolução de 25 de Janeiro”, que é como eles estão denominando a revolta que culminou com a deposição do presidente Hosny Mubarak.
Eu já tinha ido ao Egito em 2009 quando conheci uns país que me causou um mix de sentimentos: alegria, tristeza, perplexidade, compaixão e também indignação.
Alegria e muita emoção no primeiro dia quando entrei na grande pirâmide, um sonho de trinta anos. Uma emoção explodiu em meu peito e verteu demoradamente por meus olhos um misto de felicidade e tristeza. Creio que felicidade por poder ver de perto e tocar um ícone tão importante da cultura espiritualista e tristeza por constatar o uso que atualmente fazem os homens daquele tão importante templo.
Tristeza por ver nas ruas um povo paupérrimo, mendigando moedas nas portas de todos os banheiros, querendo desesperadamente vender bugigangas para poder apenas sobreviver. O povo egípcio é naturalmente alegre, mas não vi isso em seus olhos.
Fantasiamos que o povo do Egito, com uma herança cultural invejável deva viver num padrão vibratório digno de seu passado majestoso. Qual nada, o passado é só passado e o povo que habita aquela terra não é mais descendente dos antigos egípcios. O grande contingente de oitenta milhões de habitantes é, em grande maioria, descente de povos invasores procedentes das cercanias do oriente médio.
Perplexidade, por ver a faraônica diferença entre os condomínios das classes dominantes e a imensa área dominada por favelas verticais, por ver lixo por todas as ruas e canais derivados do Nilo. Animais mortos flutuando nos canais cercados de bolsas de supermercado e lixo de toda ordem.
Compaixão por ver em seus olhos expressões tão diversas, mas todas demonstrando a falta de paz naqueles corações, da desesperança e a pobreza espiritual.
Indignação por constatar a arrogância de nações que pregam o combate ao terrorismo, pagarem vultosas somas para ditadores manterem escravizadas nações a título de colaboração em interesses escusos.
Na segunda viagem encontrei um povo diferente, mais alegre, empunhando bandeiras com orgulho. Vi em seus olhos a esperança de dias melhores, a esperança da libertação, tal qual os escravos da história do antigo império, libertando-se da opressão.
Oxalá o movimento libertador não esmoreça ou não seja o povo egípcio traído mais uma vez por tiranos ditadores.
Espero, num futuro, poder voltar e encontrar a alegria natural daquele povo sendo expressada num padrão existencial melhor, com mais atitudes proativas em favor de melhores condições de vida para todos. Que a revolução de 25 de janeiro se converta num movimento libertador de corações e mentes não só dos egípcios, mas de todo o povo africano.
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