Uma das perguntas que mais
nos intrigam é sobre nossa origem: de onde viemos?
Há quanto tempo existimos?
Dentro de uma visão simplista defendida pelas igrejas cristãs, nascemos de um
pai e uma mãe e fomos abençoados por Deus que nos fez nascer como uma alma
eterna, entretanto de duração efêmera diante da eternidade.
Que razão teria um Deus ao
nos fazer viver uma vida física de tempo irrisório para depois viver
eternamente as conseqüências dessa efêmera vida?
Nunca estudei teologia,
mas precisaria de um argumento muito sólido para poder admitir tal realidade.
Quando me ponho a pensar no assunto, o que me ocorre é algo bem mais lógico. Se
somos eternos, sempre existimos, ou nessa forma atual ou numa forma prévia que
sofreu uma mutação.
Se fomos criados por um
Deus, então existíamos na mente desse Deus como uma idéia. Se habitávamos a
mente de Deus, então éramos parte de Deus desde que ele existe, se ele é
eterno, igualmente o somos.
Quando nos
individualizamos? Quando tomamos consciência de quem somos?
Penso na macieira e suas
maçãs vermelhas. Enquanto no pé, a maçã também é macieira, assim como suas
folhas, seus ramos e suas raízes.
Quando a colhemos passamos
a chamá-la somente de maçã, algo que veio da macieira.
A maçã deixou de ser
macieira só porque foi separada de seu corpo inicial?
Podemos dizer que sim e
que não. Sim, agora ela tem vida própria, não se nutre mais por meio de seu
corpo original e morrerá, mas carrega em seu interior a semente que recomporá
seu corpo original - a macieira - então não, ela não deixou de ser macieira,
apenas mudou para uma condição excepcional e momentânea enquanto desfaz de sua
forma harmônica de fruta madura e se deixa misturar à terra para renascer, como
uma fênix.
E a nova macieira foi
criada por quem? Posso dizer que por Deus por estar o processo contido nas leis
universais e imutáveis, leis que são o próprio Deus em ação.
Isso não se parece
conosco? Nos recriando por meio da reprodução sexuada? Sim, parece, mas também
tem a reprodução assexuada, onde um corpo se reproduz sozinho, como é o caso da
estrela-do-mar que se recompõe a partir da separação de uma de suas partes.
Deus criou a nova estrela,
ou a estrela é a mesma se reproduzindo eternamente? E nós, independente da
forma que somos gerados, não somos o mesmo Deus se materializando
sucessivamente também na forma humana?
Se assim penso, então
concluo que somos a expressão divina em carne e osso eternamente se expressando
em miríade de faces.
E por que não tenho
consciência disso? Com base no raciocínio exposto, posso pensar que é
justamente esse o trabalho a ser elaborado com muita atenção durante uma
encarnação: tomar consciência da minha divindade. Isso seria viver em conexão
com o cosmo, seria crescer espiritualmente, seria tornar-me um com Deus.
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