domingo, 15 de maio de 2011

Sobre a Criação


Uma das perguntas que mais nos intrigam é sobre nossa origem: de onde viemos?
Há quanto tempo existimos? Dentro de uma visão simplista defendida pelas igrejas cristãs, nascemos de um pai e uma mãe e fomos abençoados por Deus que nos fez nascer como uma alma eterna, entretanto de duração efêmera diante da eternidade.
Que razão teria um Deus ao nos fazer viver uma vida física de tempo irrisório para depois viver eternamente as conseqüências dessa efêmera vida?
Nunca estudei teologia, mas precisaria de um argumento muito sólido para poder admitir tal realidade. Quando me ponho a pensar no assunto, o que me ocorre é algo bem mais lógico. Se somos eternos, sempre existimos, ou nessa forma atual ou numa forma prévia que sofreu uma mutação.
Se fomos criados por um Deus, então existíamos na mente desse Deus como uma idéia. Se habitávamos a mente de Deus, então éramos parte de Deus desde que ele existe, se ele é eterno, igualmente o somos.
Quando nos individualizamos? Quando tomamos consciência de quem somos?
Penso na macieira e suas maçãs vermelhas. Enquanto no pé, a maçã também é macieira, assim como suas folhas, seus ramos e suas raízes.
Quando a colhemos passamos a chamá-la somente de maçã, algo que veio da macieira.
A maçã deixou de ser macieira só porque foi separada de seu corpo inicial?
Podemos dizer que sim e que não. Sim, agora ela tem vida própria, não se nutre mais por meio de seu corpo original e morrerá, mas carrega em seu interior a semente que recomporá seu corpo original - a macieira - então não, ela não deixou de ser macieira, apenas mudou para uma condição excepcional e momentânea enquanto desfaz de sua forma harmônica de fruta madura e se deixa misturar à terra para renascer, como uma fênix.
E a nova macieira foi criada por quem? Posso dizer que por Deus por estar o processo contido nas leis universais e imutáveis, leis que são o próprio Deus em ação.
Isso não se parece conosco? Nos recriando por meio da reprodução sexuada? Sim, parece, mas também tem a reprodução assexuada, onde um corpo se reproduz sozinho, como é o caso da estrela-do-mar que se recompõe a partir da separação de uma de suas partes.
Deus criou a nova estrela, ou a estrela é a mesma se reproduzindo eternamente? E nós, independente da forma que somos gerados, não somos o mesmo Deus se materializando sucessivamente também na forma humana?
Se assim penso, então concluo que somos a expressão divina em carne e osso eternamente se expressando em miríade de faces.

E por que não tenho consciência disso? Com base no raciocínio exposto, posso pensar que é justamente esse o trabalho a ser elaborado com muita atenção durante uma encarnação: tomar consciência da minha divindade. Isso seria viver em conexão com o cosmo, seria crescer espiritualmente, seria tornar-me um com Deus.

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